O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, afirmou nesta quinta-feira (24/7) a importância de adotar alternativas para proteger o mercado brasileiro dos impactos da tarifa de 50% aplicada pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos exportados do Brasil. Uma alternativa sugerida foi redirecionar parte da produção destinada à exportação para atender o mercado doméstico.
Segundo Roscoe, “o crédito é um fator importante, porém a solução real está no mercado. Nosso mercado é o próprio Brasil, que oferece uma resposta mais ágil comparado à negociação no exterior, a qual demanda tempo e conhecimento do produto pelo comprador”.
A declaração ocorreu após encontro de Flávio Roscoe com o vice-presidente Geraldo Alckmin no Palácio do Planalto, ocasião na qual discutiram as recentes medidas econômicas anunciadas por Donald Trump, presidente dos EUA.
Alckmin tem liderado as conversas entre os dois países, ainda que encontre dificuldade para avançar com as negociações junto à Casa Branca.
No entanto, Roscoe destacou a complexidade de realocar certos produtos industrializados no mercado interno, pois o mercado americano é o maior consumidor dessas mercadorias brasileiras e as alternativas no mercado nacional enfrentam limitações por conta da alta produção voltada para exportação.
Ele também ressaltou que a tarifa de 50% prejudica ambos os mercados, brasileiro e norte-americano, e defendeu esforços não apenas para postergar essa taxa, mas para reduzir a alíquota ao nível anterior.
Quanto às ações que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode tomar para conter as medidas protecionistas, Roscoe sugeriu que o Palácio do Planalto mantenha uma postura mais conciliatória em relação ao Brics e à utilização do dólar nas transações comerciais.
“Acredito que uma abordagem mais moderada sobre o Brics e sobre a moeda americana tem um papel crucial para a situação atual”, concluiu o presidente da Fiemg.
O presidente Lula tem consistentemente defendido o uso de mecanismos alternativos ao dólar americano. Países do Brics vêm negociando o emprego de moedas nacionais em seus intercâmbios comerciais, o que diminui a dependência da moeda dos Estados Unidos.