Os organizadores do Flanders Festival Ghent, um evento belga dedicado à música clássica, decidiram cancelar uma apresentação da renomada Orquestra Filarmônica de Munique devido à controvérsia envolvendo o maestro israelense Lahav Shani e sua posição sobre o conflito em Gaza.
O festival declarou que não poderia assegurar a clareza da postura de Lahav Shani em relação ao que consideram o “regime genocida” em Israel, e optaram por não colaborar com representantes que não se distanciaram de modo explícito desse regime. Apesar disso, reconheceram que o maestro já expressou diversas vezes seu desejo por paz e reconciliação.
Lahav Shani, que assumirá oficialmente a direção da orquestra na temporada 2026/27, atualmente lidera a reconhecida Orquestra Filarmônica de Israel e estava previsto para conduzir o concerto em Gent, Bélgica. O festival enfatizou que devido à delicada situação atual, que provoca fortes emoções na sociedade, acreditam que cancelar o concerto é a melhor forma de preservar a experiência musical para o público e os músicos.
Desde 1958, o festival atrai milhares de pessoas a Gent e é uma referência na música clássica.
É importante ressaltar que Lahav Shani não possui vínculos públicos com o governo israelense e já conduziu uma orquestra composta por músicos de diferentes países do Oriente Médio, defendendo um papel cultural e não político em sua atuação.
Reações à decisão
O ministro da Cultura da Alemanha, Wolfram Weimer, criticou a decisão do festival como um ato antissemitista que fere os valores culturais europeus. Ele descreveu a medida como um “boicote cultural” disfarçado de crítica política e advertiu para o perigo de permitir tal exclusão em espaços culturais.
O embaixador de Israel na Alemanha, Ron Prosor, também condenou a ação, classificando-a como antissemitismo.
O primeiro-ministro belga, Bart De Wever, se posicionou contra a decisão, qualificando-a como excessiva.
Wolfram Weimer ressaltou que a Orquestra Filarmônica de Munique é um símbolo da cultura alemã reconhecido mundialmente e enfatizou que a exclusão do maestro e da orquestra não prejudica Israel, mas afeta a Europa e seus valores.
A orquestra e a cidade de Munique repudiaram a medida, considerando-a uma punição coletiva e um ataque aos princípios fundamentais da democracia europeia, destacando a importância de não marginalizar artistas por sua origem ou crença.
Vale lembrar que, em 2022, a mesma orquestra afastou seu maestro principal russo devido à posição dele em relação à invasão da Ucrânia, mostrando seu comprometimento com valores éticos.