MATEUS VARGAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O Ministério da Fazenda solicitou um acréscimo de R$ 120 milhões no orçamento para fortalecer suas ações de comunicação e divulgar temas importantes do órgão, como a reforma tributária e o Plano de Transformação Ecológica.
Hoje, os recursos para comunicação da pasta, liderada pelo ministro Fernando Haddad (PT), somam cerca de R$ 13 milhões, e o pedido representa um aumento significativo.
Essa solicitação foi feita inicialmente em agosto e reiterada em outubro ao Ministério do Planejamento e Orçamento, e deve passar pela avaliação da Junta de Execução Orçamentária (JEO).
Segundo o ofício enviado, o dinheiro será destinado à contratação de três serviços principais: comunicação institucional, publicidade de utilidade pública e comunicação digital. A ideia é ampliar a divulgação das ações da Fazenda, destacando a reforma tributária, o Plano de Transformação Ecológica e questões relacionadas às apostas de quota fixa.
Essa iniciativa acompanha o aumento dos investimentos em comunicação no governo Lula, que ampliou o orçamento da Secretaria de Comunicação (Secom) em mais de R$ 116 milhões neste ano, totalizando cerca de R$ 876 milhões para 2025 — o maior valor desde 2017.
O ministro Haddad planeja viagens pelo país para promover temas que possam reforçar a popularidade do presidente Lula, como o projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5.000.
Em setembro, o ministério lançou um edital para contratar empresas de comunicação institucional no valor de aproximadamente R$ 30 milhões. O edital exige estratégias capazes de aumentar em 25% o engajamento digital dos canais da Fazenda em até seis meses e elevar em 20% a cobertura positiva do ministério na mídia nacional e regional.
A Fazenda ainda não detalhou como usará os recursos para publicidade e comunicação digital. A Secom tem investido em campanhas ligadas a políticas econômicas e destinou cerca de R$ 40 milhões para divulgar a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda.
Geralmente, os ministérios contratam agências para criar campanhas e comprar espaço publicitário em veículos de comunicação. Também são comuns contratos para produção de vídeos e conteúdos para redes sociais, modalidade que a Secom está licitando atualmente.
A Fazenda informou que o edital para comunicação institucional visa substituir o contrato atual, que termina em dezembro, e justificou a ênfase nas apostas de quota fixa para esclarecer o público sobre a distinção entre o mercado legal e ilegal de jogos.
Esse tema foi apontado como urgente pelo grupo de trabalho do governo sobre redução de danos relacionados ao jogo problemático.
O pedido de mais recursos também contempla a divulgação da reforma tributária, cuja implementação começa em 2026, para a qual o governo prepara ações explicativas, como portais informativos.
Além disso, a Fazenda pretende divulgar o Plano de Transformação Ecológica, lançado na COP28, para atrair investimentos nacionais e internacionais essenciais ao cumprimento das metas climáticas.
Sobre a ampliação dos investimentos em comunicação às vésperas das eleições de 2026, o ministério destacou que todas as ações respeitam as normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o período.
No início do governo, a política fiscal de Haddad recebeu críticas até de aliados do presidente, pois algumas propostas foram vistas como impopulares e prejudiciais à popularidade do governo. O ministro chegou a ser apelidado de “Taxad” pela oposição devido a medidas que elevavam tributos.
O governo busca mudar essa percepção e reforçar a mensagem de que se trata de cobrar os mais ricos em benefício dos mais pobres. A Secom da Presidência e o PT planejam destacar a sanção da isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000 em comerciais de TV, redes sociais e inserções partidárias.
Desde que Sidônio Palmeira assumiu a Secom em janeiro, a estratégia mudou, investindo mais em anúncios digitais e influenciadores, além de vídeos virais para ampliar o alcance das mensagens do governo.
