O professor Carlos Henke de Oliveira, do departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), lidera o Projeto Prometeu DF, que une ciência, tecnologia e trabalho prático para entender quando e como os produtos químicos retardantes podem ajudar a apagar incêndios nas florestas.
Esses retardantes são substâncias adicionadas à água para ajudar a controlar e diminuir o fogo, auxiliando bombeiros e brigadistas. No entanto, eles podem causar impactos ambientais que precisam ser estudados.
Henke é biólogo formado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com mestrado e doutorado em Ecologia. Sua experiência abrange ecologia, meteorologia, tecnologia e até pilotagem de avião. Essa visão ampla ajuda a entender que incêndios são eventos complexos que exigem uma análise completa do ambiente, clima, tecnologias e ações no local.
O nome Prometeu DF vem do titã da mitologia grega que trouxe o fogo para os humanos, simbolizando o conhecimento aplicado para ajudar quem combate incêndios. O projeto envolve o Corpo de Bombeiros do DF, Ibama, ICMBio, e universidades federais do Paraná e Mato Grosso do Sul, integrando pesquisa e prática.
Tecnologias e experimentos
O projeto desenvolveu dispositivos eletrônicos pequenos chamados sistemas embarcados, que podem ser fixados em drones, aviões ou usados pelos brigadistas. Esses dispositivos coletam dados como temperatura, poluentes e imagens térmicas a cada dois segundos, mostrando detalhes que os olhos não veem.
As principais tecnologias usadas são: Prometeu, que monitora temperaturas em drones; Saphira, que recolhe dados de gases e clima; e Obá, que monitora o lançamento de água e retardantes usados no fogo.
Também foi criada uma câmara de combustão chamada Osíris, que simula queimadas com e sem retardantes para testar a eficácia dos produtos rapidamente, economizando tempo e recursos.
O diferencial do Prometeu é que ele avalia simultaneamente a eficiência do combate e os impactos ambientais, buscando equilibrar os dois lados do debate sobre o uso dos retardantes.
Decisões sobre o uso dos retardantes dependem do tipo de bioma: podem ser permitidos no Cerrado com regras claras; proibidos em áreas alagadas e no Pantanal; e ainda precisam de mais estudos na Amazônia.
Além dos artigos científicos, o projeto cria documentários para informar e envolver a população, como o filme sobre a qualidade do ar no Distrito Federal que inspirou a criação de novas estações de monitoramento.
Próximos passos
Entre 2020 e 2022, a pandemia atrasou os testes em campo, mas experiências anteriores ajudaram a agilizar processos. O Prometeu usa instrumentação avançada para estudar o combate ao fogo, não apenas o fogo em si, avaliando eficiência e impactos ambientais ao mesmo tempo.
Os sistemas desenvolvidos não foram patenteados, para que os métodos e descobertas possam ser abertos e servir de base para regulamentações futuras sobre o uso de retardantes contra incêndios, com as tecnologias atuais e futuras.
Rede de parceiros
A UnB lidera o projeto, com apoio de alunos e pesquisadores das áreas de Biologia, Ciências Ambientais e Engenharia Florestal, em parceria com a UFMS, UFPR, Prevfogo/Ibama e ICMBio. Brigadistas também colaboram, atuando em campo e apoio técnico, como no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.