Técnicos do governo foram ouvidos em audiência pública. Quase todos os representantes públicos que participaram da reunião da Comissão Mista de Orçamento sobre mudanças climáticas disseram nesta quarta-feira (27) que os fundos são insuficientes para enfrentar o problema.
O diretor interino da Agência Nacional de Águas (ANA), Marcelo Medeiros, alertou que existe o risco de desligar parte das estações responsáveis pelo monitoramento dos recursos hídricos do país.
“Nossa previsão é que, se isso continuar, até o final do próximo ano desligaremos cerca de 40% da maior rede de monitoramento da América Latina. Mesmo assim, vários pontos do mapa ainda não são cobertos. Na maior parte do Brasil, a ANA é a principal responsável pelas bacias, pois poucos estados têm condições e operam suas próprias redes de monitoramento.”
Ele destacou que as mudanças climáticas podem levar todos os estados a enfrentar falta de água por volta de 2040. O aumento da temperatura faz a água evaporar mais rápido e provoca chuvas intensas que o solo não consegue absorver totalmente.
“Precisamos entender que desastres não podem ser tratados apenas depois de ocorrerem, mas sim de modo preventivo. Não devemos esperar a tragédia para liberar recursos, pois isso custa muito mais caro.”
O deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), que solicitou a audiência, comentou que o tema precisa ser prioridade no orçamento. “É fundamental que os colegas entendam que enquanto não houver definição orçamentária para políticas de combate às emergências climáticas, a população continuará sofrendo.”
Ana Paula Cavalcante, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, informou que o governo está organizando o Plano Clima, que visa cumprir as metas de redução das emissões de carbono apresentadas recentemente. O plano inclui ações para mitigar e adaptar-se às mudanças climáticas.
Ela acrescentou que em 10 de setembro serão abertas consultas públicas para ouvir a sociedade, cientistas, estados e municípios sobre a política climática.