PATRÍCIA PASQUINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Pacientes que precisam do remédio fumarato de dimetila (tecfidera) de 240 mg para tratar esclerose múltipla estão enfrentando falta do medicamento.
O Ministério da Saúde é quem compra o remédio e envia aos estados para que seja entregue aos pacientes. Porém, houve atraso na entrega porque o fornecedor teve problemas para importar a matéria-prima da Índia. O ministério informa que uma nova remessa deve chegar em agosto e que o estoque da dose de 120 mg está normal em todo o país.
Este ano, em 2025, o fornecimento do fumarato de dimetila no SUS já teve atrasos no começo do ano e em maio, conforme a diretora da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, Sumaya Afif. Alguns estados ainda têm dificuldade para repor o remédio. Em São Paulo, a situação melhorou, mas ainda há alguns atrasos.
Sumaya Afif acredita que há falhas na comunicação e organização entre a compra do medicamento e sua entrega.
“A falta desse remédio para esclerose múltipla acontece várias vezes durante o ano, por problemas na fábrica ou porque os contratos de compra demoram para ser renovados. Esse atraso prejudica muito o paciente,” conta Sumaya Afif.
Ela explica que o Ministério da Saúde compra o remédio com base nas informações enviadas pelas secretarias de saúde dos estados. Mas esse processo é lento e desatualizado, causando falhas no fornecimento. “Os dados demoram a ser processados, pacientes novos aparecem e outros mudam de remédio, então o cálculo da quantidade certa vira complicado,” complementa Sumaya Afif.
O SUS oferece outros remédios para esclerose múltipla, como betainterferona, teriflunomida, acetato de glatirâmer e azatioprina, que estão disponíveis normalmente. O médico escolhe qual é o melhor tratamento para cada paciente.
No entanto, Sumaya Afif alerta que trocar o fumarato de dimetila por outro remédio não resolve o problema para quem usa esse medicamento, pois o tratamento deve ser contínuo.
“Trocar o remédio não é simples. Quando o paciente para de usar o fumarato de dimetila, ele pode ter uma crise da doença, o que pode causar sequelas permanentes. Por isso, o melhor é garantir que o tratamento não seja interrompido,” finaliza Sumaya Afif.