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quinta-feira, 28/08/2025

Falta de canetas para insulina aumenta com produção de canetas para emagrecer

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VITOR HUGO BATISTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

As unidades de saúde em São Paulo estão enfrentando falta de canetas para aplicação de insulina, tanto as descartáveis quanto as reutilizáveis, conforme informado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A insulina não está em falta, mas os aplicadores que facilitam a administração do medicamento para pacientes com diabetes do tipo 1 e 2 estão escassos.

Para contornar essa situação, a cidade está distribuindo insulina em frascos de 10 ml nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

O motivo principal para a falta, segundo o Ministério da Saúde, é que a indústria farmacêutica está focando na produção de canetas para emagrecimento, que têm uma demanda crescente e maior rentabilidade, o que afetou a fabricação dos aplicadores de insulina.

Além disso, houve um possível erro no cálculo do governo federal no pedido das canetas, impactando o estoque em todo o país. O uso errado das canetas reutilizáveis, tratando-as como descartáveis pelos pacientes, aumentou a necessidade em curto período.

Usuários relatam dificuldades para encontrar as canetas nas unidades de saúde, conforme relatos no site Reclame Aqui, com queixas de desabastecimento que já duram meses e prejudicam pacientes com diabetes.

A reportagem contatou diversas UBSs em São Paulo e teve pouca resposta, algumas unidades nem informam o estoque por telefone, indicando que a consulta deve ser feita presencialmente ou pelo aplicativo e-saúde.

A ferramenta Remédio na Hora, da Prefeitura de São Paulo, indica que a disponibilidade de canetas descartáveis está baixa, com poucas unidades em estoque em algumas UBSs. A quantidade de canetas reutilizáveis não está disponível nessa ferramenta.

A Secretaria Municipal de Saúde não respondeu solicitações para esclarecer a ausência dessas informações.

A baixa quantidade de canetas descartáveis é esperada desde que a empresa fornecedora mudou em março e passa a fabricar apenas canetas reutilizáveis. Já os frascos de insulina e tubetes reutilizáveis têm estoque suficiente.

A distribuição das canetas é feita pelo governo estadual após receber os lotes do Ministério da Saúde, mas o estado declara que o volume recebido não é suficiente para atender toda a demanda.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que em abril de 2025 recebeu cerca de 435 mil canetas reutilizáveis, atendendo metade dos pacientes, e que em agosto distribuiu um lote a municípios com maior necessidade.

A SES está em contato com o Ministério da Saúde, que prometeu enviar mais canetas para alcançar 100% dos pacientes, mas ainda não confirmou a data de envio.

O Ministério da Saúde esclarece que não há falta de insulina no país e garante contratos para todo o ano de 2025. Já distribuiu mais de 2 milhões de canetas reutilizáveis às secretarias estaduais, sendo 500 mil para São Paulo. Além disso, mais canetas estão em distribuição para reforçar os estoques.

O ministério também informou que a atual fornecedora é a Global X, que fabrica canetas reutilizáveis. Até março de 2025, a empresa dinamarquesa Novo Nordisk fabricava as descartáveis, mas encerrou essa produção no final de 2024.

As canetas reutilizáveis permitem até 60 doses por tubete, diferentemente das descartáveis, mas a troca do modelo pode ter causado confusão entre os pacientes sobre o uso correto.

O Ministério da Saúde está investindo na produção nacional de insulina e promove treinamentos para profissionais e pacientes sobre o uso das canetas reutilizáveis para evitar o uso incorreto e o impacto na demanda.

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