O país vive uma epidemia de notícias falsas sobre os riscos da imunização contra o vírus – atualmente a forma mais eficaz de combate
Rio – Com os casos de febre amarela se multiplicando no País, Aline (nome fictício), de 46 anos, tentava decidir se tomava ou não a vacina. Foi quando recebeu, pelo WhatsApp, áudio de uma suposta médica desaconselhando a imunização.
A comerciante carioca não lembra o nome da profissional nem onde ela trabalha. Também não sabe dizer quem divulgou o áudio, que chegou pelo grupo da família. Ainda assim, bastou para que decidisse: não se protegeu do vírus.
“Não me vacinei nem vou me vacinar”, diz Aline. “No áudio, a médica explica que a vacina foi feita de qualquer jeito e é muito perigosa, que daqui a dez anos as pessoas terão problemas por causa de reações. Vou tomar uma coisa dessas?”
O País enfrenta surto da doença, com letalidade que beira 50%. E lida com a epidemia de informações mentirosas, que têm afastado muita gente da vacina, a mais eficiente forma de prevenção.
“Notícias falsas sobre febre amarela se alastram numa velocidade alarmante nas redes sociais”, atesta o pesquisador da Fiocruz Igor Sacramento, que estuda fake news na saúde.
Uma notícia falsa que circulou no WhatsApp relacionava a vacina a casos de autismo – o que tampouco é verdadeiro. Há outra feita supostamente com base em um estudo da Fiocruz.
O texto diz que a vacina não seria capaz de imunizar e remetia ao link do artigo da instituição – que não afirma que a vacina não funciona. A Fiocruz desmentiu o boato.
“Estão ficando mais sofisticadas, com cara de notícia verdadeira, edição profissional, usando estudos verdadeiros como base”, diz Sacramento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.