Sentir-se cansado depois de um dia estressante ou de uma noite mal dormida é algo comum. Porém, o sinal de alerta deve acender quando o cansaço se torna frequente sem motivo claro e começa a prejudicar o dia a dia. Nesses casos, pode ser indicativo de algo mais sério por trás do cansaço extremo.
De acordo com a médica clínica e nutróloga Gabriela Rossman, que atende em Londrina (PR), é importante buscar avaliação médica quando o cansaço não desaparece com repouso e vem acompanhado de outros sintomas.
“É necessário investigar quando o cansaço interfere na rotina. Se não melhora com descanso e vem junto com queda no desempenho, irritabilidade, dificuldade para se concentrar ou mudanças no sono e apetite”, explica.
O médico integrativo Wandyk Allison, que atende em Balneário Camboriú (SC), acrescenta que persistência dos sintomas por mais de duas semanas merece atenção, especialmente se não houver causa clara como esforço físico excessivo ou estresse pontual.
“Sintomas como alterações de humor ou memória, perda de cabelo, ganho de peso, dores musculares e problemas no sistema digestivo precisam ser acompanhados de perto”, destaca.
Principais causas da fadiga
As razões clínicas para a fadiga são diversas, incluindo inflamações silenciosas e desequilíbrios hormonais, como hipotireoidismo e disfunções hormonais diversas.
Wandyk Allison menciona ainda que deficiências nutricionais, como baixos níveis de ferro, vitamina B12, magnésio, vitamina D e coenzima Q10, podem prejudicar a produção de energia do corpo.
Outros fatores incluem distúrbios metabólicos, problemas no sono, doenças autoimunes, infecções prolongadas e até intoxicações ambientais. “A fadiga tem múltiplas causas, é fundamental compreender o funcionamento total do organismo para identificar o desequilíbrio”, conclui o médico.
Além disso, a fadiga pode estar associada à síndrome da fadiga crônica, que requer avaliação detalhada.
Aspectos físicos e emocionais do cansaço
Nem todo o cansaço tem origem física. O desgaste mental também provoca sensação constante de exaustão, podendo confundir o quadro clínico.
Gabriela Rossman explica que o cansaço físico melhora com descanso, enquanto o desgaste ligado à saúde mental não cessa com repouso. “Esse tipo de cansaço pode ser acompanhado de apatia, falta de motivação, perda de interesse e baixa produtividade”, diz.
A médica ainda ressalta que pacientes com burnout ou depressão costumam apresentar exaustão como sintoma principal e que muitas vezes a fadiga emocional está ligada também a fatores biológicos ou hormonais.
Como é feita a avaliação médica?
Quando o cansaço é persistente e sem causa aparente, a investigação deve ser minuciosa. O histórico clínico orienta os exames, que podem incluir avaliações hormonais (como cortisol, TSH, T3, T4, testosterona, progesterona e estradiol) e dosagens de vitaminas e minerais (B12, ácido fólico, magnésio, zinco, ferritina).
Também são úteis testes metabólicos, como curva de insulina e hemoglobina glicada, para detectar alterações relacionadas ao açúcar no sangue. Outros exames podem investigar inflamação crônica, função hepática e renal, estresse oxidativo e disfunções das mitocôndrias.
Wandyk Allison enfatiza que o tratamento é personalizado conforme os resultados obtidos, e que o primeiro passo é ouvir o próprio corpo e não normalizar um cansaço que comprometa a qualidade de vida.