Joana Cunha
FolhaPress
Novas regras do Ministério da Educação para cursos a distância (EAD) indicam um aumento nas mensalidades das faculdades. Especialistas e gestores do setor educacional concordam que os custos vão subir, mas ainda é cedo para determinar quanto o aluno pagará a mais.
Desde a publicação do decreto, estimativas apontam aumentos que podem variar entre 5% e mais de 20%. As novas normas limitam o formato EAD, aumentam as exigências de atividades presenciais e criam cursos semipresenciais, além de eliminar o EAD para enfermagem, entre outras mudanças.
Para se adequar, as instituições precisarão investir mais em espaços físicos e em professores, custos que provavelmente serão repassados aos estudantes.
Janguiê Diniz, presidente da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), afirma que os valores das mensalidades devem subir por conta do aumento nas atividades presenciais e na necessidade de mais profissionais e estrutura.
Evandro Ribeiro, gerente executivo da Claretiano Rede de Educação, destaca que haverá mais gastos com tecnologia e administração, já que as instituições terão que acompanhar de perto a participação e atividades dos alunos para cumprir as exigências do MEC.
Analistas, como Márcio Osako, do Bradesco BBI, estimam um aumento menor, próximo a 5%. Outro estudo da Educa Insights indica alta média de até 21,6% nas mensalidades EAD. A Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares) ressalta que o impacto varia conforme cada instituição e suas operações.
Fernando Marra, pró-reitor de EAD da Uniube, menciona a figura do mediador pedagógico, cuja definição ainda é incerta, o que pode afetar os custos.
Algumas faculdades poderão fechar polos menos viáveis, principalmente em cidades pequenas, reduzindo a oferta em locais com pouca demanda. Isso pode dificultar o acesso de alunos de baixa renda pelo aumento dos custos de deslocamento e perda de flexibilidade no horário.
O ministro da Educação, Camilo Santana, declarou apoio ao ensino a distância, mas defende regras claras e afirma que cursos como enfermagem não devem ser totalmente a distância pela qualidade do atendimento à população.
Benhur Gaio, reitor da Uninter, diz que as áreas mais afetadas são saúde, veterinária, engenharia, produção, construção, matemática e licenciaturas, especialmente aquelas que deixarão de ter oferta EAD.
Espera-se que o setor esteja totalmente adequado ao novo marco regulatório em até dois anos. Enquanto isso, instituições têm oferecido descontos para matrículas nos cursos que ainda permitem EAD até agosto, data após a qual não serão aceitos novos alunos nessa modalidade.
Duas grandes empresas do setor, Cogna e Vitru, estão monitorando as mudanças, mas não confirmaram previsões de aumento nas mensalidades.
Principais mudanças para cursos EAD
- Formatos de graduação: presencial terá no máximo 30% de atividades online (antes 40%); semipresencial terá 30% atividades presenciais e 20% atividades presenciais ou síncronas; EAD requer 10% atividades presenciais e 10% presenciais ou síncronas.
- Cursos obrigatoriamente presenciais: Medicina, Direito, Odontologia, Psicologia e Enfermagem.
- Cursos obrigatoriamente presenciais ou semipresenciais: licenciaturas e demais cursos da área de saúde.
- Estrutura mínima dos polos EAD: recepção, sala de coordenação, espaços para estudos individuais e em grupo, laboratórios compatíveis e conexão estável e rápida à internet.