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segunda-feira, 03/11/2025




Facções brasileiras geram medo e países vizinhos reforçam fronteiras

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Em Brasília

A operação policial feita nos complexos do Alemão e da Penha, considerada a mais violenta da história do Rio de Janeiro, teve grande repercussão internacional. Com 121 mortes, incluindo quatro policiais, a ação levou a Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai a aumentar a vigilância nas fronteiras, com o objetivo de impedir a fuga de membros do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Esse acontecimento fez com que países vizinhos classificassem as facções brasileiras como organizações terroristas. Além disso, o governo do Rio trabalha para que os Estados Unidos reconheçam o CV como Organização Criminosa Transnacional (TCO), o que possibilitaria cooperação direta entre agências norte-americanas.

Megaoperação no Rio

A operação envolveu 2,5 mil agentes e resultou em 121 mortes, incluindo quatro policiais. Entre os mortos, 78 tinham antecedentes criminais graves, 43 eram foragidos e 54 eram provenientes de outros estados. Foram presos 113 membros, incluindo líderes de patrulheiros da Serra da Misericórdia, local principal dos confrontos.

Argentina sobe alerta nas fronteiras

A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, determinou alerta máximo nas fronteiras leste e noroeste no dia da operação, enviando cerca de 150 a 200 militares especializados para a região próxima a Bernardo de Irigoyen, fronteira com Santa Catarina e Paraná. Ela confirmou que CV e PCC foram incluídos no Registro de Pessoas e Entidades Vinculadas a Atos de Terrorismo.

Paraguai considera facções ameaça à soberania

O governo do Paraguai intensificou patrulhas, controle migratório e operações de inteligência na fronteira com o Brasil. O presidente do Paraguai, Santiago Peña, vai oficializar o CV e o PCC como organizações terroristas por meio de um decreto. Essa decisão foi tomada em reunião com as principais autoridades do país. “Todas as forças disponíveis serão mobilizadas para proteger cidadãos e instituições democráticas”, afirmou Peña.

Bolívia e Uruguai aumentam segurança nas fronteiras

O presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz, pediu ao governo de Luis Arce o reforço do controle fronteiriço nos departamentos que fazem divisa com estados brasileiros. Ele destacou que é fundamental proteger o território de infiltração de organizações criminosas externas. O Uruguai também anunciou o aumento da segurança na fronteira, coordenado com forças locais e agências internacionais.

Cooperação com os Estados Unidos

De acordo com reportagem da CNN Brasil, o governo do Rio entregou há cerca de oito meses ao Consulado dos Estados Unidos um relatório detalhado sobre as ações do Comando Vermelho no Brasil e outros países. O documento indica que a facção participa de rotas internacionais de tráfico de drogas, mantém ligações com cartéis da América do Sul e estaria recrutando nos Estados Unidos.

A estratégia do governo do Rio visa ampliar a cooperação bilateral, incluindo a possibilidade de sanções financeiras contra líderes do CV por meio do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), vinculado ao Departamento do Tesouro americano. Caso aprovada, essa medida restringiria recursos financeiros de bancos e empresas que possam facilitar as atividades da facção.

Expansão internacional das facções

Fundado nos anos 1970 em presídios do Rio, o Comando Vermelho consolidou controle territorial, tráfico de drogas e alianças estratégicas. Após a ruptura com o PCC em 2016, expandiu operações internacionais, atuando com cartéis da Colômbia e Peru e enviando cocaína aos Estados Unidos e Europa. A facção também está envolvida em mineração ilegal na Amazônia e no contrabando de migrantes, aumentando problemas ambientais e sociais.

O PCC está presente em ao menos 28 países, expandindo o tráfico de armas e drogas e infiltrando presídios estrangeiros para recrutar membros. Países sul-americanos como Paraguai, Venezuela, Bolívia e Uruguai concentram grande parte dos integrantes, enquanto Portugal se tornou o principal ponto na Europa, devido a laços culturais e linguísticos.

Projeto de Lei Antifacção

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende fortalecer o combate ao crime organizado com a apresentação do Projeto de Lei Antifacção no Congresso. A proposta cria o crime de “organização criminosa qualificada” e amplia as penas para integrantes, financiadores e servidores públicos ligados às facções criminosas.

O projeto prevê penas de até 30 anos para homicídios cometidos por ordens das facções e inclui medidas como afastamento de servidores suspeitos, restrições contratuais e monitoramento de empresas associadas ao crime organizado. A iniciativa destaca a prioridade do governo na proteção da segurança pública e enfrentamento das organizações criminosas.




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