A empresa francesa NetZero, que é especialista em capturar carbono pelo uso de um tipo especial de carvão feito de restos de plantas, anunciou na terça-feira (16) a construção de uma nova fábrica no Brasil. Esta fábrica será pioneira ao usar a cana-de-açúcar para fazer esse carvão ecológico.
Depois de abrir cinco fábricas que produzem esse carvão usando sobras de café — uma em Camarões e quatro no Brasil — a nova fábrica da NetZero será em Campina Verde, Minas Gerais, e começará a funcionar em fevereiro.
O plano é usar os resíduos da cana, que são comuns na região, para produzir esse carvão que é muito bom para capturar o dióxido de carbono e melhorar o solo por sua estrutura porosa, explicou a empresa.
“Somos os primeiros a registrar junto ao Ministério da Agricultura do Brasil esse método para melhorar o solo”, afirmou Olivier Reinaud, diretor-geral da NetZero.
Inicialmente, a fábrica deve produzir cerca de 4.000 toneladas de biocarvão por ano, que é produzido a partir da queima dos resíduos vegetais em temperaturas muito altas.
Esse processo, chamado pirólise, permite retirar o carbono que as plantas armazenam durante sua vida, mantendo-o preso para que não volte à atmosfera e contribua para o aquecimento do planeta.
Nos últimos cinco anos, esse método foi financiado por créditos de carbono, que incentivam mais projetos como esse, segundo os criadores da ideia.
A NetZero, fundada em 2021 por Olivier Reinaud, seu pai Axel e o climatologista Jean Jouzel, entre outros, afirmou que esse é um caminho para um crescimento forte.
A cana-de-açúcar é a maior matéria-prima agrícola para produzir biocarvão, com 700 milhões de toneladas de resíduos gerados por ano no mundo. O Brasil, que é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, responde por quase 40% desse total.
Produzir em grande escala ainda é difícil, devido à complexidade técnica porque as folhas e fibras da cana têm muita umidade, baixa densidade e tamanhos variados. A NetZero afirma ter desenvolvido uma tecnologia para resolver isso.
Os talos de cana serão fornecidos por uma grande empresa agrícola local, que usará o biocarvão em suas terras depois. Reinaud disse que o objetivo é industrializar a produção de biocarvão em regiões tropicais.