Genro de Silvio Santos, o deputado federal ligado ao Centrão tentará pacificar a relação do Planalto com o Congresso
O novo ministro das Comunicações, o deputado Fábio Faria (PSD-RN), toma posse nesta quarta-feira, 17, em meio a preocupações e resistências de aliados do presidente Jair Bolsonaro sobre a decisão de nomear o primeiro nome do centrão para um cargo no primeiro escalão.
Faria assume a função da pasta recém-criada, considerada estratégica pelos governos brasileiros. Ele terá duas missões a cumprir: pacificar a relação do Planalto com o Congresso, que está desgastada, e melhorar o relacionamento do Executivo com imprensa.
Mais do que responder pela mídia institucional, a área sempre foi marcada por ser uma simbiose entre o Planalto, o Congresso e o setor privado de radiodifusão. Entre as atribuições que a empoderam está a de distribuir concessões, outorgas e regulação do setor.
Faria terá nas mãos o comando da Anatel e das estatais Correios, EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e Telebras (Telecomunicações Brasileiras). Ficará também sob sua responsabilidade o leilão da oferta do 5G, tecnologia de interesse para o país e que tem reflexos na política externa.
Após questionamentos sobre sua decisão, Bolsonaro disse que a escolha de Faria se deu pela relação com Silvio Santos, dono do SBT, e não por sua aproximação com o Centrão. O novo ministro é casado com a filha do empresário, a apresentadora Patrícia Abravanel.
“Vamos ter alguém que, ele não é profissional do setor, mas tem conhecimento até pela vida que ele tem junto à família do Silvio Santos. A intenção é essa, é utilizar e botar o ministério pra funcionar nessa área que estamos devendo há muito tempo uma melhor informação”, disse o presidente recentemente.
No entanto, segundo o jornal o Estado de São Paulo, a intenção de Bolsonaro é tentar impor uma narrativa favorável a ele no momento em que o discurso pró-impeachment começa a ganhar corpo. A escolha de Faria foi elogiada por figuras importantes do Centrão, como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ao contrário, ex-aliados de Bolsonaro, como a deputada estadual Janaína Paschoal, questionaram a decisão, já que durante a campanha houve a promessa de que nenhum cargo do primeiro escalão ficaria com o centrão.
Já entre os aliados do presidente, a preocupação é que a recriação do ministério para acomodar um nome tradicional da política aumente o apetite de presidentes e líderes partidários do Centrão a também buscarem suas próprias pastas no governo.