Pablo Valadares / Câmara dos Deputados
Em uma audiência pública realizada na Comissão de Finanças e Tributação, técnicos do governo e representantes de setores exportadores discutiram os efeitos das tarifas de 50% impostas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre grande parte das exportações brasileiras. O encontro foi solicitado pelo presidente da comissão, deputado Rogério Correia (PT-MG).
Lhais Sparvoli, diretora de Relações Internacionais da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), mencionou que o setor foi bastante afetado, especialmente porque os EUA são o principal mercado para um tipo de carne pouco valorizado no Brasil, o corte dianteiro do gado. Sem o mercado americano, é possível que deixem de ser exportadas 200 mil toneladas desse corte. A alternativa encontrada tem sido buscar novos mercados, embora nenhum valorize esse tipo de carne tanto quanto os EUA, afirmou.
A diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Liliam Catunda, confirmou os impactos negativos sobre seu setor, considerando que os EUA compram 70% dos pescados brasileiros. Desde a imposição das tarifas, muitos contratos foram cancelados e produtos devolvidos.
Para o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Antonio Matos, o desafio principal será estabelecer novas parcerias comerciais, já que os vínculos com empresas norte-americanas possuem mais de um século de história.
Fernanda Machiaveli, secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, apresentou medida prevista na MP 1309/25 que prevê a compra governamental dos produtos alimentícios que não forem exportados por causa da sobretaxação, evitando desperdício.
Deputados presentes defenderam a diversificação das exportações brasileiras, como o deputado Merlong Solano (PT-PI) que indicou que esta crise pode abrir novas oportunidades. O deputado Rogério Correia enfatizou a importância da união política para a defesa do país.
Também houve críticas ao governo: o deputado Luiz Carlos Hauly (Pode-PR) atribuiu a responsabilidade pela sobretaxação americana ao ex-presidente Lula, alegando que ele teria prejudicado a relação ao falar mal do então candidato presidencial Donald Trump, o que teria influenciado a decisão dos EUA.