Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes acredita que novos países, que não eram compradores do Brasil, podem virar clientes
O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul pode facilitar outros tratados e abrir novos mercados para os produtores de carne bovina do Brasil, disse a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Falando uma semana depois de Bruxelas e Brasília anunciarem um acordo para reduzir as barreiras sobre produtos industriais e agrícolas nos dois blocos, Antônio Camardelli, presidente da Abiec, afirmou que o mesmo pode pavimentar o caminho para negociações de acesso a novos mercados ou expandir o comércio com parceiros já existentes.
“Um acordo dessa magnitude é como um cartão de visita para falar com outros países e blocos comerciais”, disse Camardelli à Reuters, em uma entrevista no final da quinta-feira.
Ele mencionou Indonésia e Tailândia como possíveis novos mercados para o Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, com vendas de cerca de 7 bilhões de dólares no ano passado.
Ainda que a Europa não seja a principal compradora do produto brasileiro, trata-se do cliente que melhor remunera o Brasil por cortes bovinos nobres, segundo Camardelli.
Camardelli afirmou que o acordo impulsiona as perspectivas de vendas da carne brasileira para a UE, já que o país detém 42,5% da nova cota anual de 99 mil toneladas que será destinada ao Mercosul. A tarifa sobre a nova cota será de 7,5%.
Além do Brasil, a cota anual também é válida para Argentina, Uruguai e Paraguai.
Os novos termos comerciais, uma vez implementados, também reduzirão de 20% para zero o imposto sobre as vendas de carne bovina à UE sob a chamada cota Hilton, que permite que o Brasil exporte até 10 mil toneladas de carne bovina à UE por ano. O volume destinado à Argentina é de até 29.500 toneladas de cortes nobres de bovinos por ano sob a cota Hilton.
Com exceção dos termos da Hilton, o acordo entre Mercosul e UE não altera nenhuma outra tarifa europeia, disse Camardelli, se referindo às taxas de 12,8% a 20% que o Brasil paga para vender carne bovina à UE sob outras cotas já existentes, que seguem em vigor.
Camardelli, porém, espera que o acordo também permita vendas brasileiras de cortes de menor valor para a UE, anteriomente desencorajadas pelas altas tarifas. Tais cortes podem ser comprados especialmente por processadores de alimentos da UE, disse ele.
As exportações médias de carne bovina do Brasil para UE nos últimos 10 anos totalizaram 120 mil toneladas por ano, segundo dados governamentais compilados pela Abiec.
Nesta sexta-feira, a Abiec reiterou que as exportações de carne bovina devem avançar 10% em 2019, tanto em volume quanto em termos financeiros.