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domingo, 16/11/2025




Exportadores de café alertam piora na situação do Brasil após redução de tarifa global

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ANA PAULA BRANCO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A decisão dos Estados Unidos de manter uma tarifa de 40% sobre o café brasileiro gerou preocupação entre os produtores do país. Eles solicitam a continuidade das negociações com os americanos para buscar uma solução.

Embora o presidente Donald Trump tenha retirado tarifas de 10% para vários produtos agrícolas de várias nações, o imposto elevado sobre os produtos do Brasil, especialmente o café, permanece.

Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), afirma que a competitividade brasileira está prejudicada, já que outros países concorrentes estão isentos dessas tarifas, enquanto o Brasil continua pagando 40%.

Há o receio de que países como a Colômbia, Costa Rica, Etiópia, Vietnã e Indonésia ganhem mercado nos blends vendidos nos EUA, fazendo o consumidor norte-americano se acostumar a novos sabores. Segundo Matos, a cada dia que passa, fica mais difícil para o Brasil recuperar esse espaço no mercado americano.

De agosto a outubro de 2025, as exportações brasileiras de cafés especiais para os Estados Unidos caíram 55%, segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), passando de 412 mil para 190 mil sacas de 60 kg.

A BSCA pede que o governo brasileiro acelere as negociações para eliminar as barreiras comerciais e normalizar o fluxo de exportação o mais rápido possível.

Por outro lado, um estudo preliminar da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que 80 produtos agrícolas brasileiros se beneficiarão com a retirada dessa tarifa global, representando US$ 4,6 bilhões em vendas aos EUA em 2024, cerca de 11% do total.

Alguns produtos, como a castanha-do-pará e tipos de suco de laranja, já estão isentos de taxas devido a exceções anunciadas pelo governo americano. No entanto, setores importantes como carne bovina e café não torrado ainda enfrentam a tarifa de 40% na entrada ao mercado americano.

Essas tarifas adicionais tiveram um impacto negativo significativo no setor de carne bovina, causando perdas estimadas em US$ 700 milhões, conforme estudo da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). As vendas de carne para os EUA caíram 36,4% no trimestre em que a tarifa estava vigente, com quedas ainda maiores em outubro.

Apesar disso, a receita acumulada com a exportação de carne bovina para os EUA cresceu 40,4% entre janeiro e outubro de 2025, graças à alta demanda da China e da União Europeia.

Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), comenta que, apesar das tarifas elevadas, o Brasil manteve seus embarques para os EUA devido à forte demanda americana e à oferta limitada por outros países.

Perosa explica que o Brasil não concorre diretamente com países como Austrália, Canadá e México no varejo americano de carne premium, já que o país fornece principalmente cortes usados para processamento industrial, especialmente hambúrgueres, um segmento com pouca oferta global.

Assim, a redução parcial das tarifas pode ajudar a diminuir a desigualdade competitiva, invés de aumentá-la.

Em contrapartida, o setor de suco de laranja brasileiro teve um alívio parcial, com o governo americano isentando os códigos tarifários de suco concentrado e não concentrado da sobretaxa adicional de 10%.

Apesar dessa medida, o custo total do suco brasileiro não foi totalmente eliminado, permanecendo a tarifa tradicional aplicada há décadas, além de taxas sobre derivados como óleos essenciais e farelo.

A CitrusBR, Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos, espera avanços nas negociações para remover todas as barreiras comerciais que afetam a cadeia produtiva cítrica brasileira.




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