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segunda-feira, 15/09/2025

Exportações do Brasil para China e Argentina compensam queda nos EUA

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As vendas do Brasil para a China e a Argentina cresceram em agosto, compensando a queda nas exportações para os Estados Unidos, que sofreram com tarifas altas impostas pelo governo americano.

Em agosto, as exportações para os EUA caíram 18,5%, totalizando US$ 2,762 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Por outro lado, as vendas para a China subiram 31%, atingindo US$ 9,494 bilhões, e para a Argentina, 40,4%, chegando a US$ 1,642 bilhão.

Esse aumento nas exportações para China e Argentina contribuiu para o saldo positivo da balança comercial brasileira em agosto, que teve um crescimento de 3,9% e superávit de US$ 6,133 bilhões, somando US$ 29,861 bilhões em vendas totais.

Júlia Marasca, economista do banco Itaú, explica que antes da tarifa de 40% entrar em vigor em agosto, houve um aumento nas exportações em julho, pois as empresas anteciparam vendas, especialmente de aeronaves, suco e produtos de ferro e aço. Quando a tarifa começou a valer, as exportações para os EUA diminuíram de forma ampla.

Historicamente, Estados Unidos, China e Argentina são os principais destinos dos produtos brasileiros, representando quase metade das exportações.

O crescimento nas vendas para a China se deve principalmente à maior importação de soja brasileira, já que o governo chinês tem preferido a soja brasileira em vez da americana. Em agosto, as vendas de soja do Brasil para a China somaram quase US$ 3,3 bilhões, acima dos US$ 2,6 bilhões registrados no ano anterior. Júlia Marasca acredita que essa preferência pode ser uma estratégia chinesa para negociar com os EUA.

A guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump levou os EUA a aplicarem tarifas de importação, com o Brasil recebendo uma taxa total de 50%. A tarifa inicial brasileira era de 10%, mas foi aumentada em 40% pelos americanos. Contudo, os EUA concederam várias exceções para alguns produtos.

José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil, observa que os americanos possuem grandes estoques de soja e enfrentam prejuízos, e que a chegada da safra brasileira em janeiro deve dificultar ainda mais as exportações americanas.

Quanto à Argentina, o aumento das exportações está relacionado à recuperação econômica do país após uma recessão em 2024. Segundo Júlia Marasca, o crescimento econômico argentino impulsiona a demanda pelos produtos brasileiros. Um destaque são as vendas de veículos, que em agosto chegaram a US$ 360,2 milhões, quase o dobro do ano anterior.

Livio Ribeiro, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, destaca que os produtos exportados para os EUA são mais industriais, caracterizando um comércio intraindústria, similar ao que ocorre com a Argentina, o que ajuda a amenizar o impacto das tarifas americanas.

Reorganização do comércio

Os dados ainda não indicam claramente para onde as exportações brasileiras vão se direcionar com as tarifas dos EUA, mas Livio Ribeiro ressalta que as exceções tornaram o impacto menos severo.

O banco Itaú estima que a tarifa efetiva dos EUA seja cerca de 30%, e o impacto nas exportações brasileiras pode chegar a US$ 13 bilhões em um ano, mas esse número pode cair para US$ 7 bilhões se o Brasil conseguir redirecionar parte das vendas, especialmente das commodities.

Júlia Marasca explica que realocar exportações depende de como o comércio global será reorganizado.

Já é possível notar que o Brasil tem aumentado as exportações de carne bovina para países como México, Argentina, Chile, China e Rússia, e realocado as vendas de pescado e frutas para outros países da América do Sul.

Produtos industrializados como ferro, aço, aeronaves, máquinas e equipamentos têm mais dificuldade para serem redirecionados devido à alta exposição ao mercado americano e à demanda específica destes produtos.

O banco Itaú projeta que o superávit comercial brasileiro em 2025 será de US$ 65 bilhões, comparado a US$ 74,6 bilhões do ano anterior.

Estadão Conteúdo

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