Brasília, 24 – As vendas do Brasil para a China aumentaram 15% em setembro comparado ao mesmo mês do ano passado, segundo estudo do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC). Contudo, a tendência para 2025 é que essas exportações se mantenham estáveis em comparação com o ano anterior. De janeiro a setembro, houve uma queda de 1,3% nas vendas ao país asiático, totalizando US$ 75,5 bilhões.
Tulio Cariello, diretor de Conteúdo e Pesquisa do CEBC, explica que dificilmente haverá grandes mudanças no cenário, pois produtos principais como soja, petróleo e minério de ferro devem manter volumes similares e os preços seguem baixos. Assim, espera-se crescimento pequeno ou queda nas exportações até o fim do ano.
As exportações totais do Brasil para o mundo cresceram 1,1% nos primeiros nove meses de 2025. A China continua sendo o principal destino das vendas brasileiras, representando 29,3% do total, apesar de uma leve redução percentual em relação ao ano anterior. Isso é quase três vezes mais do que os Estados Unidos, segundo o CEBC.
A receita menor do Brasil com as vendas para a China foi causada principalmente pela queda nos preços do minério de ferro e do petróleo.
Entre janeiro e setembro, o setor agropecuário dominou as exportações brasileiras para a China, com 39,7% da participação, seguido pela indústria extrativa, com 39,4%. As exportações das duas áreas somaram cerca de US$ 30 bilhões. A indústria de transformação foi a única área a crescer, chegando a 20,8% do total, com aumento de 19,5% nas vendas, somando US$ 15,7 bilhões.
Por outro lado, o CEBC alerta para a queda de 20% nas exportações brasileiras aos Estados Unidos em setembro. Entre os principais mercados dos produtos brasileiros, apenas os EUA tiveram recuo devido às altas tarifas comerciais impostas pelo governo do país. A redução anual foi de 0,6%, representando 11,3% das exportações brasileiras, com receita de US$ 34,3 bilhões.
A China também lidera as importações brasileiras, respondendo por 25% do total, seguida pelos Estados Unidos, com 16%. Nos nove primeiros meses, o Brasil gastou 15,4% a mais em produtos chineses, totalizando US$ 53,4 bilhões. O crescimento superou a alta geral de 8,2% nas importações do Brasil e a de 11,8% nas importações dos EUA. Quase todas as importações da China são da indústria de transformação, com destaque para produtos químicos que cresceram 28%, somando US$ 10,4 bilhões. As compras de herbicidas aumentaram 38%, chegando a US$ 1,7 bilhão.
Em 2025, o comércio entre Brasil e China aumentou 5%, totalizando US$ 128,9 bilhões, com superávit de US$ 22 bilhões para o Brasil, que representa 48% do saldo comercial do país com o mundo. No entanto, esse saldo caiu 27% em relação a 2024.
O saldo comercial do Brasil com a China é positivo, diferentemente do saldo negativo com os Estados Unidos, que tiveram um déficit de US$ 5,1 bilhões, quase quatro vezes maior que no ano anterior, resultado das tarifas americanas elevadas sobre produtos brasileiros.
O CEBC destaca que o Brasil continua em boa posição na guerra comercial entre EUA e China, com o mercado chinês aberto e garantido, e que as eventuais interrupções são temporárias e relacionadas a questões sanitárias, sem riscos iminentes.
Tulio Cariello avalia que uma eventual aproximação entre Estados Unidos e China, reduzindo tarifas, poderia favorecer os produtos americanos na China, principalmente em áreas que competem com o Brasil, como soja e carnes. Porém, ele acredita que essas mudanças terão pouco efeito nas exportações brasileiras para a China em 2025, devido às incertezas nas negociações e ao forte mercado já estabelecido para produtos brasileiros.
Estadão Conteúdo
