VICTORIA DAMASCENO
KUALA LAMPUR, MALÁSIA (FOLHAPRESS)
O empresário Joesley Batista, sócio da JBS com seu irmão Wesley Batista, afirmou que as ações do governo brasileiro no Sudeste Asiático devem aumentar as exportações de carne do Brasil.
“Aqui se vende muito. Vendemos carne dos Estados Unidos e da Austrália, mas não do Brasil. Agora isso está mudando”, disse ele. “O comércio vai crescer bastante nesta região que está em rápido crescimento.”
Joesley está participando da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Sudeste Asiático, acompanhado por um grupo de mais de 100 empresários que visitaram Indonésia e Malásia para encontros com autoridades locais e outros empresários. No setor de carne, cerca de 22 empresas estiveram presentes na primeira parada e 10 na segunda.
Lula está em Kuala Lumpur, capital da Malásia, para participar da cúpula da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e também se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir tarifas aplicadas ao Brasil.
Joesley ajudou a organizar a audiência entre os presidentes, na qual foram discutidas as tarifas impostas sobre produtos brasileiros. Segundo ele, essas diferenças comerciais podem ser resolvidas com diálogo entre os dois governos.
O objetivo da viagem é ampliar mercados na região, reduzir a dependência do Brasil em relação aos EUA e diversificar fontes de receita.
Trump impôs tarifa de 50% sobre carnes, produto em que a JBS é líder mundial. Joesley ressaltou que a empresa produz também em outros países, como os EUA, e que a carne brasileira tem sido destinada a outros mercados, como o México.
Até então, o Brasil não estava bem conectado com a Ásia, o que está começando a mudar, segundo Joesley.
Wesley Batista assinou um acordo entre o fundo soberano indonésio Persero e a JBS para exploração e negociação de planos de transação, além de parcerias com a empresa estatal de eletricidade PLN e o grupo empresarial da família J&F.
Durante a visita de Estado à Malásia, abriram-se mercados para comércio de ovo em pó, pescado cultivado e pescado extrativo, conforme o ministro da Agricultura, Carlos Favaro. Também foi negociada uma auditoria para o mercado de suínos e a revisão do protocolo sanitário para venda de frango.
Antes, a Malásia encerrava o comércio com países com febre aviária por 12 meses; com o novo acordo, esse prazo caiu para três meses, permitindo a retomada das exportações brasileiras de frango.
Favaro avaliou a viagem como muito positiva e ressaltou que um eventual acordo entre Brasil e EUA será benéfico para o setor agropecuário e para todos.
Empresários brasileiros participaram frequentemente dos eventos da agenda oficial de Lula. Na primeira etapa da viagem em Jacarta, na Indonésia, o presidente se reuniu com empresários brasileiros e indonésios.
Na Malásia, os compromissos foram semelhantes: Lula participou da cúpula empresarial da ASEAN e de evento da Apex que reuniu empresários brasileiros e malaios.
Segundo Julio Ramos, diretor de assuntos estratégicos da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o setor aposta na relação com o Sudeste Asiático e apoia iniciativas que aproximem os produtos brasileiros de potenciais compradores.
“A Indonésia está se tornando um mercado importante. Recentemente, alguns frigoríficos foram habilitados e o mercado de miúdos foi aberto para o Brasil. Acreditamos muito nessas parcerias comerciais porque isso gera empregos no Brasil”, disse ele, que também acompanhou a viagem com o governo brasileiro.
