A organização não governamental Anistia Internacional denunciou que o Exército de Mianmar realizou um ataque aéreo na segunda-feira (6/10) contra uma multidão que participava do festival budista de Thadingyut e protestava contra a junta militar na cidade de Chaung-U, localizada no centro do país. Conforme informado pelo grupo, pelo menos 40 pessoas perderam a vida.
Testemunhas informaram que os manifestantes pacíficos foram surpreendidos por ataques com parapentes motorizados, conhecidos como paramotores, que produzem um som semelhante ao de uma motosserra ao se aproximarem.
O ataque inicial resultou na morte de 17 pessoas, entre elas uma criança com menos de cinco anos de idade. Muitas outras pessoas ficaram gravemente feridas e foram levadas a hospitais da região. Um segundo ataque, de menores proporções, ocorreu logo depois.
Joe Freeman, pesquisador da Anistia Internacional para Mianmar, declarou que os relatos são preocupantes e representam um alerta sério para a necessidade de proteção urgente aos civis no país.
Segundo ele, “a comunidade internacional pode ter diminuído a atenção ao conflito em Mianmar, mas as forças militares continuam aproveitando essa baixa vigilância para cometer crimes de guerra com impunidade. Eles seguem matando civis todos os dias, utilizando métodos como os parapentes motorizados, uma prática inquietante que a Anistia Internacional tem documentado na mesma região onde o ataque ocorreu”.
Este ataque recente faz parte de uma sequência de ações realizadas pelo Exército desde o golpe de 2021 que depôs o governo eleito liderado por Aung San Suu Kyi. Os ataques têm visado civis e instituições como escolas, igrejas e campos de refugiados internos. Organizações de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, classificam esses atos como possíveis crimes de guerra.