Durante muito tempo, atletas e treinadores confiavam somente na observação visual: postura, sinais de cansaço e desempenho. Hoje, a ciência permite ver o que acontece dentro do corpo. Essa visão vem através dos biomarcadores.
Biomarcadores são pequenas substâncias presentes no sangue, saliva ou urina que indicam o que está ocorrendo no organismo durante o exercício. Mudanças em marcadores como enzimas musculares (CK), ureia, o hormônio do estresse cortisol e uma proteína relacionada à inflamação (PCR) podem avisar sobre fadiga, inflamação e risco de lesão, mesmo antes da dor aparecer. Assim, é possível prevenir em tempo real.
Estudos mostram que monitorar esses sinais ajuda a ajustar os treinos, melhorar a recuperação e diminuir muito as lesões musculares. Essa é uma mudança importante: em vez de reagir a dor, podemos agir antes dela surgir.
Força, flexibilidade e mobilidade: a base da prevenção
O segredo para a saúde muscular está em manter o equilíbrio entre força, flexibilidade e mobilidade. A avaliação física individualizada identifica assimetrias e movimentos que podem causar sobrecarga. Com estas informações, é possível planejar treinos mais eficientes.
O treinamento deve ser personalizado, adaptando o volume, a intensidade e o descanso conforme a resposta do corpo de cada pessoa.
Do atleta profissional ao amador: tecnologia ao alcance de todos
Em equipes profissionais, esse monitoramento já é comum. Clubes de futebol europeus e seleções olímpicas verificam semanalmente os biomarcadores para ajustar os treinos de cada atleta. Se um jogador apresenta aumento da CK ou queda na testosterona, por exemplo, o treino é modificado para evitar lesões musculares.
Felizmente, essa tecnologia já está disponível para atletas amadores. Clínicas especializadas e programas de reabilitação usam exames laboratoriais e softwares de análise para criar planos de treino mais seguros e eficazes.
O futuro da prevenção chegou com o uso de dados. Com a ajuda dos biomarcadores, o corpo passa a ser um sistema inteligente, que avisa quando é hora de descansar, recuperar ou ajustar os exercícios. Ouvir esses sinais é mais que ciência, é respeitar o corpo e a natureza humana.
*Artigo escrito pelo fisioterapeuta João Douglas Gil, Head Nacional da Fisioterapia da Brazil Health
