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terça-feira, 04/11/2025




Ex-procuradora do Exército israelense é presa por vazar vídeo de maus-tratos

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O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, comunicou nesta segunda-feira (3/11) a detenção da ex-procuradora-geral do Exército, Yifat Tomer-Yerushalmi, após ela admitir a autorização para o vazamento de um vídeo que apresenta tropas israelenses supostamente praticando maus-tratos contra um preso palestino. O caso veio à tona três dias depois da renúncia da ex-procuradora, anunciada na última sexta-feira (31/10).

No domingo (2/11), o episódio ganhou mais atenção quando o carro de Yifat foi encontrado próximo a uma praia ao norte de Tel Aviv, suscitando especulações sobre uma possível tentativa de suicídio. Entretanto, a polícia israelense descartou a hipótese e confirmou que ela estava ilesa.

Detalhes do incidente

O incidente que desencadeou o escândalo ocorreu em 5 de julho de 2024. Naquele dia, cinco reservistas que serviam na prisão militar de Sde Teiman, localizada no deserto do Negev, teriam submetido a tortura um detento palestino algemado e com os olhos vendados.

O detido sofreu fraturas nas costelas, perfuração no pulmão esquerdo e ferimentos graves na região anal. Primeiras informações indicavam que o preso teria sido vítima de estupro na base militar, que desde o início do conflito entre Israel e Hamas, funciona como centro de detenção.

A acusação formal contra os militares não incluiu crime sexual, mas relata que um dos soldados utilizou um “objeto cortante” que causou lesão interna. A Promotoria Militar fundamenta-se em imagens de câmeras e laudos médicos para sustentar o caso.

A investigação provocou reações intensas de grupos de extrema direita em Israel. Manifestantes invadiram duas bases militares após a solicitação do interrogatório dos reservistas.

Posteriormente, um vídeo capturado por câmeras de segurança foi divulgado pelo canal N12, mostrando os soldados cercando o detento equipado com escudos e um cão, com o preso caído ao chão em determinado momento.

Confissão e consequências

Na carta de renúncia, tornada pública na sexta-feira, Yifat admitiu ter autorizado o vazamento em agosto de 2024 para proteger a credibilidade do departamento jurídico militar, que vinha sendo alvo de críticas políticas.

Ela afirmou que os detentos são considerados terroristas perigosos e destacou a importância do processo judicial, mas também frisou o dever da instituição de investigar suspeitas de violência contra detidos.

“É crucial que atos proibidos jamais sejam cometidos, mesmo contra os presos mais perigosos,” declarou Yifat.

Além disso, explicou que autorizou a divulgação para combater a desinformação contra as autoridades militares responsáveis pela aplicação da lei, assumindo total responsabilidade pelo material divulgado.

O escândalo motivou aliados do governo a tentar impedir punições aos reservistas, e os advogados desses soldados buscaram o arquivamento do processo, alegando que o vazamento comprometeu o julgamento.

Reações e investigações

Membros do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu criticaram a ex-procuradora. O ministro da Defesa, Israel Katz, declarou que quem fabricasse acusações contra soldados israelenses não deveria vestir o uniforme. Ben-Gvir celebrou a renúncia e pediu investigações mais amplas.

Em sua primeira manifestação, Netanyahu solicitou uma investigação independente e imparcial e reconheceu que o incidente prejudicou seriamente a imagem do Estado de Israel.

Yifat Tomer-Yerushalmi está sendo investigada por suspeitas de fraude, quebra de confiança, abuso de poder e divulgação de informações sigilosas. O ex-procurador-chefe militar, coronel Matan Solomesh, também foi preso por acusações similares.

Devido a preocupações com sua segurança, especialmente após seu desaparecimento por algumas horas anteriormente, Ben-Gvir ordenou que ela fosse mantida em isolamento e vigilância reforçada.

Contexto internacional

Para contextualizar a prisão de Yifat, várias organizações internacionais apontam que este caso não é isolado. Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado em julho de 2025 documenta denúncias de detenções secretas e tortura de palestinos desde os ataques terroristas de 7 de outubro.

Grupos de direitos humanos também relatam abusos frequentes, enquanto o Exército afirma conduzir investigações em vários casos, negando, porém, a existência de uma prática sistemática de maus-tratos.




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