Joseph Kabila, ex-presidente da República Democrática do Congo (RDC), foi sentenciado à pena de morte após ser declarado culpado de crimes de guerra cometidos no país. A sentença foi anunciada na terça-feira (30/9) por um tribunal militar da RDC.
A República Democrática do Congo enfrenta uma longa história de instabilidade e conflitos. Em 2023, o grupo rebelde M23 voltou a ganhar destaque na guerra que ocorre no leste do país. Fundado em 2012 para proteger a etnia tutsi na RDC, o M23 tem raízes vinculadas ao genocídio em Ruanda, ocorrido em 1994, provocado pelos hutus.
O governo de Ruanda, liderado por Paul Kagame, um tutsi, é considerado o principal apoiador do M23 no Congo. Kabila, que esteve no poder entre 2001 e 2019, foi considerado culpado de traição, conspiração e insurreição em conluio com o grupo rebelde M23, apoiado por Ruanda.
Segundo as autoridades, Kabila colaborou com a coalizão de grupos paramilitares chamada Aliança do Rio Congo (AFC), incluindo o M23, em ações no leste da RDC para tentar derrubar o governo do atual presidente, Félix Tshisekedi.
Além da pena de morte, a corte determinou que Kabila pague uma indenização de 29 bilhões de dólares ao Estado e 2 bilhões de dólares às províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, que foram duramente afetadas pelas atividades do grupo rebelde.
O paradeiro atual de Kabila é desconhecido, uma vez que ele reside fora da RDC há mais de dois anos, e foi condenado à revelia.
Sua última visita ao país foi em maio deste ano, quando esteve na cidade de Goma durante a ofensiva do M23. Na ocasião, Kabila explicou que sua presença tinha o propósito de ajudar a restabelecer a paz no país, que sofre com conflitos há muitos anos.
