Álvaro Uribe é o primeiro ex-presidente da Colômbia a receber uma condenação na história do país. A sentença foi anunciada na sexta-feira, 1º de agosto. O chefe de Estado entre 2002 e 2010 foi condenado a 12 anos de prisão por crimes de corrupção passiva e fraude processual.
De acordo com o 44º Tribunal Distrital de Bogotá, Uribe cumprirá a pena em regime domiciliar. A juíza responsável pelo julgamento, Sandra Liliana Heredia, também impôs uma multa de 578 mil dólares e determinou que o ex-presidente não poderá exercer função pública por um período de 100 meses e 20 dias, aproximadamente oito anos.
A condenação ocorreu pouco depois do governo dos Estados Unidos manifestar críticas ao processo judicial contra o político colombiano. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, aliado próximo do então presidente Donald Trump, declarou em 28 de julho que a única falha de Uribe foi lutar incansavelmente por seu país, e classificou a ação de juízes radicais como uma instrumentalização preocupante do judiciário.
Esta reação dos Estados Unidos faz parte de uma estratégia maior de pressão contra governos de esquerda na América Latina, sendo o Brasil o foco principal. Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções americanas por sua atuação em processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi destacado nesse contexto.
O processo contra Uribe tramitava desde 2012, envolvendo a sua conexão com grupos paramilitares ilegais formados nos anos 1980 para combater guerrilhas de esquerda. Estima-se que tais organizações tenham causado a morte de mais de 205 mil pessoas, financiadas por setores rurais influentes do país. Segundo a decisão judicial, Uribe teria pressionado antigos membros dessas milícias a alterarem seus testemunhos para desvinculá-lo dessas entidades ilegais.