O ex-ministro da Previdência, José Carlos Oliveira (PSD), atualmente chamado Ahmed Mohamad, omitiu o tempo que trabalhou no gabinete do deputado Baleia Rossi (MDB) e foi advertido sobre o risco de falso testemunho pelo deputado Fabiano Contarato (PT). Esse fato ocorreu durante a audiência na CPMI do INSS na quinta-feira (11/9).
O escândalo envolvendo o INSS foi divulgado pelo Metrópoles em reportagens iniciadas em dezembro de 2023. Três meses depois, foi revelado que a arrecadação das entidades com descontos nas mensalidades de aposentados atingiu R$ 2 bilhões em um ano, enquanto várias associações enfrentavam milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
Oliveira afirmou que não ocupou nenhum cargo público além do INSS, mas foi corrigido pelo relator Alfredo Gaspar (União), que informou que ele trabalhou na Câmara dos Deputados. O ex-ministro então disse que atuou como assessor do vereador Márcio Alvino, mas, após nova pergunta do relator, confirmou que também foi assessor do deputado Baleia Rossi (MDB) por um mês, no fim de 2024.
Durante o depoimento, Contarato interrompeu para alertar que Oliveira estava sob compromisso legal de dizer a verdade sob pena de responder por falso testemunho, previsto no Código Penal.
O vice-presidente da CPMI, Duarte Jr. (PSB), recordou que o ex-ministro esteve no gabinete do deputado Rossi até abril de 2025. Oliveira afirmou que foi indicado por Baleia Rossi para seu primeiro emprego no INSS.
Quem é José Carlos Oliveira
Nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), José Carlos Oliveira, agora conhecido como Ahmed Mohamad, também atuou como presidente do INSS antes de se tornar ministro.
Ele permitiu que entidades ligadas ao apelidado “careca do INSS”, como a Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos (Ambex), que possuía apenas três filiados no momento da associação, usufruíssem descontos consideráveis nos últimos anos.
Investigações e fraudes no INSS
As reportagens do Metrópoles motivaram a abertura de inquérito pela Polícia Federal e auxiliaram as investigações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram citadas pela PF na representação que resultou na Operação Sem Desconto, iniciada em 23/4, que levou à exoneração do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.