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segunda-feira, 08/12/2025

Ex-governador crítico de Maduro morre em prisão venezuelana

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Alfredo Díaz, ex-governador de Nova Esparta entre 2017 e 2021, faleceu no último sábado (6/12) enquanto estava detido em uma prisão na Venezuela. Ele era conhecido por sua oposição ao governo de Nicolás Maduro e estava sendo investigado por acusações de “terrorismo” e “incitação ao ódio”.

Segundo informações divulgadas por organizações de direitos humanos e confirmadas pelo Ministério do Serviço Penitenciário, a causa da morte foi um infarto. Díaz havia sido preso em novembro de 2024, em um contexto de crise política e social desencadeada após a controversa reeleição de Maduro. Antes da prisão, ele denunciou problemas na transparência dos resultados eleitorais e alertou sobre a crise no fornecimento de energia em Nova Esparta, atribuída pelo governo de Caracas a ataques da oposição.

De acordo com um comunicado da administração penitenciária da Venezuela, Díaz, de 55 anos, apresentou sintomas compatíveis com um infarto do miocárdio e foi levado rapidamente para receber atendimento médico, mas faleceu pouco depois de ser transferido para o Hospital Universitário de Caracas.

Condições na prisão

Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal, que defende presos políticos, destacou que Díaz teve autorizada apenas uma visita de sua filha durante o período de detenção. Ele estava encarcerado em El Helicoide, sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), em Caracas, local frequentemente criticado por opositores e ativistas de direitos humanos, que o chamam de “centro de tortura”.

Segundo o advogado Gonzalo Himiob, do Foro Penal, Díaz ainda aguardava o julgamento, e sua família o havia designado representantes legais. Contudo, o governo nomeou um defensor público para o caso. O ministério penitenciário informou que o ex-governador estava sendo processado com respeito total aos seus direitos humanos.

Contexto das mortes em custódia

Desde 2014, foram registradas 17 mortes de presos políticos enquanto estavam sob custódia do Estado venezuelano, conforme dados do Foro Penal. Destas, ao menos seis ocorreram desde novembro de 2024, em um cenário de repressão a opositores após as eleições.

Alfredo Romero questiona: “Quem assume a responsabilidade por essas mortes e pelas demais ocorridas?” A organização afirma que atualmente existem pelo menos 887 presos políticos no país, e que a repressão se tornou um meio sistemático de intimidação pelo regime.

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, declarou que a morte de Díaz faz parte de uma dolorosa série de óbitos entre detidos políticos, que sofrem com negação de atendimento médico, condições degradantes, isolamento e tortura, evidenciando um padrão de repressão estatal.

Os protestos contra a reeleição de Maduro resultaram em 28 mortes e cerca de 2.400 prisões, com a maioria dos detidos sendo acusada de terrorismo. Aproximadamente 2.000 pessoas já foram libertadas desde então.

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