O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior declarou no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 15, que os ataques virtuais recebidos, por ele ter recusado participar de uma tentativa de golpe, tinham como objetivo “alterar nossa postura legalista”.
Ele afirmou à juíza auxiliar Juliana Sorrentino que não tem dúvida de que os ataques dirigidos a ele e ao general Freire Gomes buscavam, em grande parte, que mudassem sua conduta dentro da legalidade. Segundo ele, essas tentativas nunca terão sucesso.
Tanto Baptista Júnior quanto Freire Gomes são testemunhas de defesa do ex-major do Exército Ailton Moraes Barros, um dos sete acusados do núcleo 4 na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Esse grupo é responsabilizado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por espalhar notícias falsas sobre o processo eleitoral.
Além dele, os outros acusados do núcleo 4 incluem Ângelo Denicoli (major da reserva do Exército); Giancarlo Rodrigues (subtenente do Exército); Guilherme Almeida (tenente-coronel do Exército); Reginaldo Abreu (coronel do Exército); Marcelo Bormevet (agente da Polícia Federal); e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).
Na segunda-feira, 14, o STF começou a ouvir as testemunhas dos núcleos 2, 3 e 4 ligados à trama golpista. No mesmo dia, a PGR enviou ao Supremo 517 páginas com as alegações finais do processo, pedindo a condenação do ex-presidente Bolsonaro e outros generais pela tentativa de interromper a transição democrática no país.
O procurador-geral Paulo Gonet reforçou no STF que Bolsonaro não só sabia do plano golpista, mas também liderou as articulações para o golpe. As penas somadas podem levar Bolsonaro a cerca de 43 anos de prisão.
De acordo com a PGR, “o grupo liderado por Jair Messias Bolsonaro e composto por figuras-chave do governo, das Forças Armadas e órgãos de inteligência, criou e executou um plano sistemático para atacar as instituições democráticas, com o objetivo de prejudicar a troca legítima de poder nas eleições de 2022 e enfraquecer o livre exercício dos demais poderes, especialmente o Judiciário”.