Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revelou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados que houve um acompanhamento direcionado das redes sociais relacionadas a movimentos de direita durante as eleições de 2022. Segundo ele, tais solicitações vinham do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Tagliaferro prestou seu depoimento por videoconferência, no âmbito de um processo que investiga a cassação da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP). Ele liderou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE e está sob suspeita de vazar mensagens do gabinete de Moraes. Depois de sua exoneração em 2023, mudou-se para a Itália, onde enfrenta um pedido de extradição.
Carla Zambelli está atualmente detida na Itália, aguardando análise de extradição. Ela e o hacker Walter Delgatti Neto foram condenados por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incluindo a inserção de um mandado falso de prisão contra Alexandre de Moraes e alvarás de soltura falsificados para criminosos, além de ter perdido seu mandato parlamentar.
Durante o depoimento, Tagliaferro afirmou que Zambelli estava entre os principais alvos desse monitoramento. Ele disse ter em mãos relatórios, e-mails oficiais e conversas de WhatsApp, evidenciando perseguição: “Havia uma intenção persecutória. Inclusive, em algumas mensagens, se dizia: ‘Vamos pegar ela’”.
Os monitoramentos eram focados em pessoas com grande influência nas redes sociais, especialmente aquelas que publicavam críticas às urnas eletrônicas, ministros do STF ou que tentavam manipular o processo eleitoral. Ele apresentou provas dessas comunicações à CCJ.
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) perguntou sobre informações adicionais que Tagliaferro afirma possuir e suas ameaças de divulgá-las. Ele declarou que tentou contato com a imprensa sem sucesso e não confia em órgãos de investigação que estariam ligados a Moraes. Também revelou ter sido abordado pelo governo dos Estados Unidos para fornecer o material. Disse: “Eu não tenho lado político. Enquanto eu tiver vida e liberdade, vou denunciar onde eu puder”.
Em resposta às declarações, o ministro Alexandre de Moraes informou que as solicitações feitas ao TSE para auxiliar investigações relacionadas a notícias falsas e grupos digitais ilegais são legítimas, já que a Corte tem autoridade policial para reunir informações sobre atividades ilícitas.