O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deverá receber nesta segunda-feira (8/12) os documentos referentes às negociações com os EUA sobre um plano de paz envolvendo a Rússia. Conforme informado pelo negociador ucraniano Roustem Oumerov, Zelensky será atualizado durante o dia sobre o progresso do diálogo com Donald Trump.
Em reuniões recentes com representantes dos Estados Unidos, membros do governo ucraniano buscaram obter detalhes aprofundados sobre as conversas entre Washington e Moscou, além de acessar todas as versões anteriores da proposta atual.
“Com todos os parceiros, devemos fazer todo o possível para acabar com esta guerra de maneira digna”, escreveu Oumerov no Telegram.
Há semanas, russos e ucranianos discutem um plano de paz sugerido pelos Estados Unidos para finalizar o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
No sábado, Volodymyr Zelensky mencionou ter tido uma conversa telefônica profunda e detalhada com Jared Kushner, genro do presidente americano, e Steve Witkoff, enviado especial de Donald Trump.
No domingo à noite, durante um jantar formal em Washington, Trump criticou Zelensky por não ter lido sua proposta para a Ucrânia. “Falamos com o presidente Putin, líderes ucranianos, inclusive Zelensky, e estou um pouco desapontado por ele não ter lido o plano”, declarou Trump. Ele acrescentou que a proposta aparentemente agrada à Rússia, mas não tem certeza se agrada a Zelensky.
Mesmo diante da controvérsia, Zelensky participa nesta segunda-feira de uma reunião em Londres com o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o chanceler alemão Friedrich Merz. Estes líderes, junto com membros da Coalizão dos Voluntários, analisarão as negociações em andamento em Washington, Moscou e Kiev.
A intenção das nações europeias, que estão fora do processo desde a divulgação do plano de Trump, é influenciar as discussões. A proposta americana contém 28 pontos e foi apresentada em 20 de novembro. Washington está mediando as conversas, mas os europeus esperam que as garantias de segurança solicitadas pela Ucrânia sejam respeitadas.
Zelensky busca garantias de que a Rússia não atacará novamente a Ucrânia após o fim do conflito.
Os Estados Unidos afirmam que as negociações avançam. No domingo (7), o emissário americano Keith Kellogg declarou que um acordo para acabar com a guerra está muito próximo, embora o Kremlin peça mudanças radicais. As questões sobre a região de Donbass e a usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Ucrânia, são as mais difíceis de se chegar a um consenso. “Se esses dois pontos forem resolvidos, o restante será”, afirmou Kellogg. Zelensky considerou as conversas com os americanos na Flórida construtivas.
Enquanto isso, a pressão no campo de batalha permanece intensa. Em sete dias, mais de 1.600 drones de ataque, 1.200 bombas aéreas guiadas e 70 mísseis russos atingiram a Ucrânia, prejudicando infraestruturas ferroviárias, energéticas e civis. Na região sul do país, muitos moradores enfrentam a falta de eletricidade e aquecimento, com temperaturas próximas a 5 graus Celsius.
Também no fim de semana, a Casa Branca divulgou a nova estratégia americana de segurança nacional, um documento de aproximadamente 30 páginas que detalha as prioridades estratégicas dos EUA. O texto alerta para o risco de “apagamento civilizacional” da Europa em cerca de duas décadas caso sua direção ideológica não seja ajustada.
O documento destaca a necessidade de apoiar na Europa partidos que compartilhem os valores dos Estados Unidos sob Donald Trump, conforme havia sido mencionado pelo vice-presidente JD Vance na conferência de Munique, em fevereiro. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a estratégia americana está alinhada com a visão do Kremlin, enviando uma mensagem clara à Ucrânia.

