22.5 C
Brasília
sexta-feira, 19/09/2025

EUA veto à paz e crise em Gaza aumentam debate sobre a Palestina

Brasília
nuvens quebradas
22.5 ° C
22.5 °
22.3 °
56 %
5.7kmh
75 %
sex
26 °
sáb
28 °
dom
32 °
seg
32 °
ter
29 °

Em Brasília

Pela sexta vez, os Estados Unidos utilizaram seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para bloquear uma resolução que demandava um cessar-fogo imediato em Gaza, acesso humanitário seguro e a libertação de reféns. Contudo, essa atitude americana provocou reações internacionais significativas e intensificou o debate sobre a conferência da ONU sobre a solução de dois Estados, que ocorrerá na próxima segunda-feira (22/9).

Durante essa conferência em Nova York, a França planeja oficializar o reconhecimento do Estado palestino, uma ação que desafia o impasse diplomático atual e pode alterar o panorama global.

Na quinta-feira (18/9), com 14 votos a favor contra um único contrariado, o Conselho de Segurança tentou aprovar uma resolução para suspender as restrições à ajuda humanitária em Gaza, estabelecer um cessar-fogo permanente na região e garantir a libertação dos reféns israelenses ainda em poder do Hamas. No entanto, o veto dos Estados Unidos impediu a aprovação da resolução.

Os EUA mantêm que o Hamas é o principal responsável pela crise atual e deve cessar suas ações, defendendo o direito de Israel à autodefesa e destacando que a ajuda humanitária continua a chegar a Gaza. A diplomata norte-americana Morgan Ortagus argumentou que a resolução falha em reconhecer as condições reais no terreno e criticou a ausência de condenação ao Hamas. O embaixador israelense Danny Danon também criticou a proposta, classificando-a como uma capitulação.

A reação entre outros membros da ONU foi de forte indignação. Representantes da Argélia, Paquistão e Dinamarca denunciaram a falha moral do Conselho diante da grave crise humanitária. A embaixadora dinamarquesa Christina Markus Lassen alertou para o risco de uma geração perdida não somente pela guerra, mas também pela fome e pelo desespero.

Embora a pressão internacional tenha aumentado nas últimas semanas, especialmente após a ONU declarar oficialmente a existência de fome em Gaza em 22 de agosto e atribuir a responsabilidade a Israel, os Estados Unidos permanecem firmes em sua posição. Recentemente, uma comissão independente acusou Israel de genocídio, afirmando que quatro critérios legais para tal acusação foram atendidos.

França aposta no reconhecimento palestino

A iniciativa francesa será divulgada na Conferência Internacional de Alto Nível sobre a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, em 22 de setembro. O presidente Emmanuel Macron defende o reconhecimento do Estado palestino como parte de um amplo plano de paz que visa garantir a segurança de Israel e isolar o Hamas.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, explicou que o reconhecimento faz parte de um processo de amadurecimento envolvendo países ocidentais e árabes em grupos de trabalho que buscam alinhar visões e fortalecer uma declaração conjunta.

Especialistas alertam, no entanto, que sem medidas concretas, como sanções contra Israel, os efeitos serão mínimos. Agnès Levallois, especialista em Oriente Médio da Fundação para a Pesquisa Estratégica em Paris, comentou que, sem ações imediatas, as declarações serão apenas palavras vazias.

Desafios internos e rejeição de Israel

A representante da Palestina na França, Hala Abou Hassira, encara a conferência como um momento de esperança para concretizar a solução de dois Estados. Ela defende sanções efetivas, incluindo embargo de armas e suspensão do acordo de associação entre a União Europeia e Israel. Porém, tais propostas enfrentam resistência de países como a Hungria.

O ex-embaixador Gérard Araud considera que o reconhecimento é a única ação viável, embora preveja resistência do primeiro-ministro israelense, apoiado pelo presidente norte-americano Donald Trump.

A proposta conjunta franco-saudita prevê a criação de um Estado palestino governado por uma autoridade reformada, mas enfrenta obstáculos internos como corrupção e concentração de poder, além da rejeição generalizada em Israel.

O ex-embaixador Bertrand Besancenot reconhece que mudanças rápidas são improváveis, mas acredita que a parceria com a Arábia Saudita pode trazer resultados a longo prazo, uma vez que o reino é hoje o único país capaz de influenciar o presidente Trump para pressionar o primeiro-ministro israelense Netanyahu a atender às reivindicações legítimas do povo palestino.

Veja Também