O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou nesta terça-feira (30/9) que os Estados Unidos estão pressionando a Índia para que esta pare de adquirir petróleo russo, numa estratégia para isolar Moscou e abrir mercado para a energia americana.
Segundo Lavrov, a verdadeira motivação é que o presidente Trump enfatizou a necessidade dos EUA protegerem seus interesses nacionais, o que inclui promover agressivamente suas commodities internacionalmente e eliminar concorrentes, usando a guerra na Ucrânia como justificativa.
De acordo com o chanceler, a Índia já respondeu aos apelos norte-americanos, deixando claro que não vai abrir mão do petróleo vindo da Rússia. Ele reforçou que, embora a Índia esteja aberta a discutir termos com os EUA, suas negociações com a Rússia refletem uma relação bilateral própria.
Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e o chanceler Subrahmanyam Jaishankar reafirmaram a decisão de manter os laços com Moscou. Lavrov acredita que essa postura representa o interesse e dignidade nacional da Índia.
Pressão comercial e resposta indiana
As críticas de Lavrov acontecem no contexto da escalada da pressão comercial dos EUA sobre a Índia. Em agosto, o presidente Trump aumentou as tarifas de importação contra produtos indianos de 25% para 50%, em retaliação à continuidade das compras de petróleo russo por Nova Déli.
O Kremlin qualificou essa ação como uma “pressão comercial ilegal” e defendeu o direito da Índia de conduzir uma política externa independente.
Lavrov elogiou a postura indiana, destacando que a Índia não cedeu à pressão e manteve seu compromisso com o livre comércio.
Fortalecimento da parceria Rússia-Índia
A resistência da Índia à pressão dos EUA tem sido acompanhada por um estreitamento das relações com a Rússia. Recentemente, durante um evento na Índia, Modi descreveu a cooperação bilateral como uma parceria consolidada, destacando projetos conjuntos em defesa, como a produção dos rifles AK-203 e dos mísseis supersônicos BrahMos.
Em agosto, Modi participou da cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), que contou com a presença de Vladimir Putin e Xi Jinping. Os três países buscam alinhar suas posições contra o que veem como políticas hegemônicas e protecionistas dos EUA.
