O governo dos Estados Unidos completou a segunda semana de paralisação, causando impactos econômicos crescentes e sem uma data para o fim dessa situação. O impasse entre os partidos republicano e democrata, que resultou na suspensão de várias funções públicas, já levou à dispensa de mais de quatro mil funcionários federais.
Enquanto isso, Donald Trump tem focado seus esforços em crises internacionais, aumentando a presença diplomática dos EUA, em forte contraste com a situação interna paralisada do país.
O que significa a paralisação
Nos EUA, a paralisação ocorre quando o Congresso não aprova o orçamento federal, o que força o governo a interromper parte de suas operações.
Sem os fundos necessários, órgãos e agências deixam de oferecer serviços considerados não essenciais, como museus, parques e parte do funcionalismo público.
Somente setores essenciais, como defesa, segurança e saúde, permanecem ativos. Funcionários afetados podem ser afastados ou trabalhar sem receber seus salários, aumentando os impactos econômicos e sociais dessa crise.
Foco na política externa, paralisação interna
Enquanto o governo enfrenta a crise interna, Trump continua posicionando os EUA como um mediador global. Recentemente, anunciou um cessar-fogo entre Israel e Hamas, declarando o fim do conflito em Gaza e comprometendo-se com a reconstrução da região. Ele afirmou que houve um avanço significativo no Oriente Médio.
Simultaneamente, mantém atenção especial à Ucrânia, planejando um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para tratar sobre defesa aérea e potencial fornecimento de mísseis Tomahawk, o que pode alterar o curso da guerra contra a Rússia.
Em entrevista, o jornalista Fernando Hessel, especialista na Casa Branca, comentou que o governo americano contornou a crise financeira que atinge os funcionários públicos, mas não a resolveu, priorizando as políticas externas.
Segundo ele, investimentos entre US$ 500 e US$ 600 milhões foram destinados a apoiar Israel e Ucrânia durante a paralisação, enquanto serviços e salários internos permanecem paralisados, evidenciando uma escolha clara de prioridades.
Trump também se reuniu com o presidente da Argentina, Javier Milei, para discutir apoio financeiro e potenciais acordos comerciais, aproveitando ainda a oportunidade para criticar as relações comerciais entre Buenos Aires e Pequim.
Pagamento emergencial dos militares
Donald Trump assinou uma ordem executiva para garantir o pagamento dos militares ativos mesmo com o governo paralisado, realocando cerca de US$ 6,5 bilhões para essa finalidade, uma medida emergencial e temporária que não resolve a crise.
O ambiente entre os militares ficou tenso, com muitos buscando linhas de crédito especiais para enfrentar atrasos salariais, demonstrando que a estabilidade ainda está ameaçada, especialmente se o impasse continuar.
Impasse político e consequências sociais
O conflito político entre republicanos e democratas segue intenso, principalmente devido às divergências sobre o financiamento de programas essenciais de saúde pública, como Medicaid, Medicare e Obamacare, que são cruciais para o acesso a serviços médicos.
Milhares de servidores públicos permanecem afastados ou trabalhando sem pagamento imediato, o que evidencia uma contradição gritante: enquanto o governo investe significativamente no exterior, o funcionamento interno enfrenta grandes dificuldades.
Tensão crescente com a China
Trump também elevou a tensão comercial com a China, anunciando uma “guerra comercial” e a aplicação de tarifas de 100% sobre produtos chineses a partir de novembro, além de criticar a falta de compras de soja americana pela China e estudar possíveis medidas de retaliação.
Paralisia sem fim à vista
O Senado rejeitou mais uma proposta emergencial de financiamento, e o senador John Kennedy já prevê que esta pode ser a paralisação mais longa da história dos EUA, ultrapassando os 35 dias anteriores.
Fernando Hessel resume a situação dizendo que o problema não é apenas orçamento, mas uma disputa de poder entre forças políticas que se recusam a ceder, resultando em uma crise prolongada.