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segunda-feira, 25/08/2025

EUA pedem que Trump intervenha em venda de fábrica de níquel no Brasil para chineses

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Em Brasília

RICARDO DELLA COLETTA
FOLHAPRESS

O Instituto Americano de Ferro e Aço (AISI) comunicou ao governo de Donald Trump que a venda das fábricas de níquel no Brasil para a empresa MMG, que faz parte da estatal chinesa China Minmetals Corporation, pode dar à China um controle direto sobre grande parte das reservas mundiais de níquel. Isso pode criar riscos para a cadeia de fornecimento desse mineral importante.

A associação que representa os setores de ferro e aço nos EUA pediu que o governo americano manifeste suas preocupações ao governo brasileiro sobre essa venda e o possível monopólio no mercado.

Em uma carta enviada ao USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), o instituto destacou que é fundamental que o Brasil busque alternativas para manter a propriedade dessas fábricas de níquel sob controle de mercado justo e garantir que o acesso a esse mineral continue aberto a todos.

A carta da AISI foi protocolada no dia 18 de agosto durante uma investigação comercial iniciada pelo governo Trump contra o Brasil. Essa informação foi inicialmente divulgada pelo jornal Valor Econômico e confirmada posteriormente.

O instituto afirmou que, se a venda for concretizada, a China terá influência significativa sobre uma parte importante das reservas de níquel do Brasil, reforçando ainda mais seu domínio já existente na Indonésia e aumentando os riscos para o fornecimento desse metal essencial.

A investigação do USTR está examinando supostas práticas injustas do Brasil em áreas como comércio digital, serviços de pagamento eletrônico, tarifas comerciais, combate à corrupção, proteção da propriedade intelectual, acesso ao mercado de etanol e desmatamento ilegal.

Empresas e associações puderam enviar suas solicitações ao governo americano até o dia 18 de agosto, ocasião em que a AISI apresentou suas preocupações.

A Anglo American, uma multinacional de origem sul-africana e britânica, decidiu recentemente vender sua fábrica de níquel em Barro Alto (Goiás) para a MMG. Além dessa instalação, o negócio inclui outra fábrica em Niquelândia (Goiás) e dois novos projetos de mineração no Pará e Mato Grosso.

O valor dessa venda é de aproximadamente US$ 500 milhões, ou mais de R$ 2,7 bilhões, marcando a entrada da empresa chinesa no mercado brasileiro de níquel e aumentando o controle da China sobre um recurso vital para a transição energética mundial.

Essa negociação também está sob análise da Comissão Europeia, e no Brasil o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi informado sobre o caso.

O principal motivo da preocupação da AISI é o risco de concentração excessiva do níquel nas mãos de uma única nação. A carta foi assinada pelo presidente do instituto, Kevin Dempsey.

Segundo ele, as maiores reservas globais de níquel estão principalmente em poucos países, sendo a Indonésia a maior detentora, seguida pela Austrália e Brasil. A China já possui uma grande participação no controle da produção global de níquel devido aos seus investimentos na Indonésia.

Kevin Dempsey ressaltou que esses acontecimentos ocorrem num momento em que os EUA enfrentam práticas comerciais desleais da China, especialmente no setor de minerais estratégicos.

Ele acrescentou que os produtores americanos de aço inoxidável veem essa possível aquisição como um esforço da China para ampliar seu domínio sobre o fornecimento global de níquel.

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