IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Para reforçar a pressão sobre o Irã enquanto avalia se irá apoiar Israel em possíveis ataques contra o regime teocrático persa, Donald Trump ordenou o envio de mais um grupo de porta-aviões próximo ao Oriente Médio, liderado pelo USS Gerald Ford.
O Ford, primeiro de sua classe de supernavios nucleares, é o navio de guerra mais potente do mundo. Ele deve se juntar em cerca de 20 dias ao USS Carl Vinson, já posicionado perto do Golfo Pérsico, e ao USS Nimitz, que está a caminho vindo do Mar do Sul da China.
O Ford se encontra atualmente em seu porto natal, Norfolk, e será destacado no Mediterrâneo Oriental. O grupo do Carl Vinson conta com pelo menos dois destróieres no Mar Vermelho enfrentando os rebeldes houthis do Iêmen, que possuem uma trégua com os ocidentais, mas atacam Israel com mísseis e drones em apoio ao Irã.
Além disso, Trump mobilizou cerca de 30 aviões-tanque para bases na Europa, capazes de sustentar uma ação americana expressiva ou, caso o presidente decida não intervir diretamente, auxiliar Israel, cuja frota aérea é menor, com apenas 10 aviões, 6 deles de longa distância.
O presidente também reforçou as 19 bases militares na região — sendo 8 permanentes — com defesas adicionais e aumento do arsenal aéreo, com destaque para a principal base no Qatar, estrategicamente posicionada em frente ao Irã no Golfo Pérsico.
A estação militar de Diego Garcia, situada no Oceano Índico e utilizada para ataques de longo alcance no Oriente Médio, está em estado elevado de prontidão, com bombardeios e suporte aéreo ativos. Estima-se que haja cerca de 45 mil militares americanos na região, contra 30 mil em períodos menos tensos.
Os porta-aviões são fundamentais nesse cenário. O USS Nimitz, comissionado em 1972, é o mais antigo em operação; o USS Carl Vinson, em serviço desde 1980, pertence à mesma classe. Ambos deslocam 88 mil toneladas.
Existem dez grupos de combate formados por navios da classe Nimitz. O Ford, comissionado em 2017 após superar diversos problemas, especialmente na substituição das catapultas a vapor por eletromagnéticas, é ainda mais imponente, movendo mais de 100 mil toneladas.
Com 333 metros de comprimento, o Ford pode transportar até 90 aeronaves — normalmente, 55 caças F/A-18 Super Hornet. Ainda não pode operar os modernos F-35C de quinta geração devido à incompatibilidade com suas novas catapultas, que permitem lançar até 220 aviões por dia, 25% a mais que os navios da classe Nimitz.
A escolta de cada grupo inclui de três a seis destróieres, um cruzador, navios de apoio e um submarino nuclear de ataque com funções defensivas, formando uma força de fogo superior à maioria das marinhas e forças aéreas globais, notadamente as iranianas, que dependem mais de mísseis balísticos, os quais também representam ameaça para os navios.
Um confronto hipotético com o mínimo de três grupos de porta-aviões poderia envolver cerca de 1.200 mísseis de cruzeiro disparados pelas escoltas, além do armamento dos aviões. Para comparação, no primeiro dia da guerra que derrubou Saddam Hussein, Bagdá sofreu 40 explosões de mísseis Tomahawk.
É importante destacar que tal concentração simultânea seria impraticável militarmente, mas a intenção é enviar um sinal claro.
Trump pode ainda optar por simplesmente apoiar Israel na meta de eliminar o programa nuclear iraniano, utilizando a bomba GBU-57, capaz de destruir bunkers, um projétil de 13,6 toneladas lançado exclusivamente pelo bombardeiro furtivo B-2.
Essas armas estiveram recentemente em Diego Garcia, embora tenham sido substituídas por B-52. Em qualquer cenário, uma operação envolvendo essas forças, com suporte aéreo de reabastecimento, poderia permitir que os EUA atacassem o Irã e retornassem rapidamente.