O governo dos Estados Unidos tem demonstrado hostilidade em relação ao jornalismo, mas o presidente Donald Trump intensificou essa postura ao criar o chamado “Mural da Vergonha” e uma lista de “infratores da mídia”. Esses veículos e jornalistas são acusados, pelo governo, de divulgar informações falsas, tendenciosas ou enganosas.
A Casa Branca descreve a iniciativa como um ataque direto à chamada “mídia das fake news”. Especialistas, no entanto, alertam que essa ação pode ameaçar a liberdade de imprensa no país, atingindo grandes meios de comunicação dos EUA e do mundo.
Durante uma coletiva, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, comentou sobre o volume de notícias falsas divulgadas diariamente, considerando a situação quase insustentável.
Infratores da mídia
A página dedicada aos “infratores da mídia” destaca semanalmente veículos acusados de mentir. O The Washington Post foi recentemente listado como “exposto”, com repórteres acusados de publicar informações sem provas para prejudicar operações antiterrorismo.
Esses veículos figuram no “Mural da Vergonha”, que conta atualmente com 39 entradas, incluindo grandes nomes como The New York Times, The Associated Press, Reuters, Político e Wall Street Journal. As reclamações vão desde parcialidade a desinformação e deturpações.
Ameaça à liberdade de imprensa
Para Katherine Jacobsen, do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, isso representa uma campanha difamatória que encoraja ataques contra jornalistas e veículos, tanto online quanto pessoalmente. Jonathan Katz, pesquisador do Brookings Institution, acredita que o site pode intimidar e restringir a liberdade de expressão e o jornalismo independente nos EUA.
A Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos garante a liberdade de imprensa e expressão, pilar fundamental da democracia americana, reconhecido desde a era colonial.
Pilar da democracia
Especialistas afirmam que essa hostilidade entre governo e imprensa é inédita. Tom Jones, do Instituto Poynter, observa que, embora presidentes sempre tenham enfrentado problemas com a mídia, nunca houve ataques tão intensos quanto os promovidos por Trump. Já Leavitt responsabiliza os jornalistas pela crise, alegando que os padrões jornalísticos estão em declínio.
Pesquisa do Pew Research Center em 2024 indicou divisão na população sobre a atuação da mídia, refletindo polarização política.
Jones destaca que os jornalistas desempenham papel essencial na democracia ao informar o público com base em investigação e fatos, ainda que nem todos concordem com suas reportagens. Katz reforça que a liberdade de imprensa é um dos sete pilares fundamentais que sustentam a democracia dos EUA e, no momento, esse pilar está sendo enfraquecido.

