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terça-feira, 26/08/2025

EUA Investem na Intel: Estratégia Inteligente ou Excesso de Intervenção?

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A Casa Branca anunciou que o governo de Donald Trump adquiriu 10% das ações da fabricante americana de chips, Intel, pela quantia de 8,9 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 48,5 bilhões).

Howard Lutnick, secretário de Comércio dos EUA, afirmou: “Este acordo histórico reforça a liderança dos EUA no setor de semicondutores, impulsionando o crescimento econômico e garantindo uma vantagem tecnológica para a América.”

Embora incomum para o governo adquirir parte de uma empresa tão grande, essa ação está alinhada com a tendência de Trump de intervir diretamente no mercado durante seu mandato.

Outras ações recentes incluem a negociação com fabricantes como Nvidia e AMD para que repassem parte da receita gerada na China para o governo americano, além da compra da siderúrgica US Steel, garantindo amplos poderes de veto e influência.

Geoffrey Gertz, pesquisador do Centro para uma Nova Segurança Americana, analisa essa intervenção como uma abordagem incomum e pontual, diferente de políticas industriais amplas adotadas por governos anteriores. Ele ressalta que esta estratégia personalizada com empresas específicas é uma ruptura significativa no padrão tradicional.

Suporte à intervenção é alto, especialmente em setores estratégicos diante da concorrência com a China, como semicondutores e minerais essenciais. Sujai Shivakumar, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, justifica o investimento como necessário, dado que o setor não opera em condições justas devido aos fortes subsídios estatais em outros países.

Ele destaca que a Intel é mais que apenas uma companhia, representando uma questão de política industrial vital para manter a competitividade tecnológica dos EUA e que tal investimento deve ser celebrado.

A importância da indústria de chips

Governos recentes, incluindo os de Joe Biden e Donald Trump, têm como meta elevar a capacidade dos EUA em fabricar chips de alta tecnologia, essenciais para vários setores. O CHIPS Act, aprovado em 2022, proporcionou incentivos significativos para ampliar a produção doméstica.

Apesar da Intel enfrentar desafios na competição com gigantes como a TSMC e Nvidia, o investimento governamental é visto como um passo importante para reverter essa situação e fortalecer a indústria nacional.

Os recursos para a aquisição das ações virão em parte dos fundos do CHIPS Act, segundo comunicado da empresa.

Para Shivakumar, a Intel é a principal aposta do país para recuperar liderança na fabricação de chips avançados, justificando a intervenção governamental para garantir uma retomada sólida.

Potenciais riscos e equilíbrio

Apesar dos benefícios, especialistas alertam para o risco de favorecer empresas específicas e prejudicar a competição e inovação a longo prazo, fenômeno conhecido como capitalismo de compadrio.

Gertz alerta para esse perigo, enquanto Shivakumar enfatiza a importância de um equilíbrio entre a intervenção estratégica e as forças de mercado, visando restaurar a confiança dos investidores e consumidores sem abrir mão da competitividade.

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