O governo dos Estados Unidos intensificou as medidas contra o Brasil, impondo novas sanções que afetam pessoas ligadas à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Desta vez, dois representantes envolvidos no programa Mais Médicos tiveram seus vistos americanos cancelados.
Novas medidas
As autoridades americanas anunciaram restrições contra dois brasileiros, impedindo a entrada deles no país liderado por Donald Trump. As sanções se aplicam a funcionários públicos que participaram das ações do Mais Médicos.
Conforme explicado pela administração dos EUA, o programa teria servido para que Cuba contornasse o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos ao país caribenho.
Em nota, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que o governo americano adotou medidas contra servidores dos governos do Brasil, Cuba, Granada e nações africanas que participaram do Mais Médicos. Além disso, agentes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) também foram incluídos nas sanções.
No Brasil, as sanções atingiram Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-coordenador-geral da COP30. Ambos estavam à frente do órgão federal responsável pela saúde pública na época do lançamento do programa.
Embora o Mais Médicos tenha contribuído para a redução da falta de profissionais em áreas remotas do Brasil, os EUA o classificaram como um “esquema de exportação de trabalho forçado” praticado por Cuba.
Ao anunciar as sanções, o Departamento de Estado americano afirmou que o programa foi um meio para burlar o embargo contra Cuba, vigente desde a década de 1960 e alvo de críticas internacionais.
O acordo que permitiu a implantação do programa durante a gestão de Dilma Rousseff previa que os médicos não eram pagos diretamente pelo Brasil; os salários eram enviados pelo governo brasileiro à OPAS, que repassava os valores a Cuba, responsável pelos contratos e pagamento final dos profissionais.
Naquela ocasião, profissionais relataram que não recebiam o valor total que o Brasil pagava à Cuba, já que o governo cubano retinha parte da remuneração.
Rubio afirmou: “Esses indivíduos foram responsáveis ou ajudaram numa estrutura coercitiva do regime cubano para a exportação de mão de obra médica, explorando esses trabalhadores por meio de trabalho forçado. Essa prática enriquece um regime corrupto e nega serviços essenciais à população cubana.”
Defesa do programa
Após o anúncio das sanções contra servidores brasileiros, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu o programa Mais Médicos, ressaltando que ele salva vidas e tem o apoio maioritário da população.
Em uma publicação na rede social X, o ministro declarou que o Brasil não cederá a críticas dirigidas contra vacinas, pesquisadores e a ciência.
Contexto das sanções
Essa nova rodada de cancelamentos de vistos não parece relacionada à retaliação anterior que atingiu membros do Supremo Tribunal Federal (STF) em julho de 2023, em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Desta vez, as sanções contra brasileiros decorrem de uma decisão pessoal do secretário de Estado Marco Rubio, em retaliação ao governo cubano, segundo apuração do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles.
Filho de imigrantes cubanos, Rubio possui longa trajetória de críticas contra o regime de Cuba desde seu tempo como parlamentar nos EUA.