Estados Unidos decidiram prolongar por mais 180 dias a suspensão de um vasto conjunto de sanções econômicas contra a Síria. Anunciada nesta segunda-feira (10/11), a medida veio logo após a reunião entre o presidente norte-americano Donald Trump e o recém-empossado líder sírio Ahmed al-Sharaa, realizada na Casa Branca.
Em comunicado conjunto, os Departamentos do Tesouro, Estado e Comércio oficializaram a continuidade da exceção concedida em maio, conforme previsto na Lei César de Proteção Civil da Síria (2019), legislação que impôs duras restrições econômicas ao governo anterior de Bashar al-Assad.
A suspensão permite que empresas exportem bens civis essenciais, softwares e tecnologias de origem americana para a Síria sem necessidade de autorizações especiais. Contudo, transações com governos ou entidades vinculadas à Rússia e ao Irã seguem proibidas, assim como o comércio de itens listados na Lista de Controle Comercial.
Um Marco na Reaproximação
Esse gesto simbólico representa o ápice da aproximação entre Washington e Damasco desde a queda do governo de Assad, no final do ano passado. Ahmed al-Sharaa, que comandou as forças rebeldes responsáveis por derrubar o regime anterior, tornou-se o primeiro líder sírio a visitar formalmente a Casa Branca desde a independência do país, em 1946.
No entanto, sua ascensão é controversa: o novo presidente foi líder do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), organização que teve ligações com a Al-Qaeda e recentemente foi retirada das listas de grupos terroristas dos Estados Unidos, Reino Unido e ONU.
Durante o encontro realizado a portas fechadas, al-Sharaa e Trump debateram a reconstrução da Síria, a retomada das relações bilaterais e “questões regionais de interesse comum”, conforme comunicado oficial do governo sírio.
Imagens oficiais divulgadas por Damasco mostraram os dois dirigentes apertando as mãos no Salão Oval, acompanhados por autoridades americanas de alto escalão, como o vice-presidente JD Vance e o secretário de Defesa Pete Hegseth.
De Ex-Militante a Parceiro Diplomático
A transformação de Ahmed al-Sharaa — de ex-combatente procurado a interlocutor diplomático — simboliza uma nova era para a Síria. “Este é um passo crucial para legitimar o governo pós-Assad e integrar o país ao sistema internacional”, avaliou Michael Hanna, do International Crisis Group.
Donald Trump, por sua vez, elogiou o líder sírio, a quem descreveu como “jovem e carismático”. Fontes diplomáticas indicam que a administração americana planeja financiar a reconstrução síria e estabelecer uma base militar próxima a Damasco para coordenar a ajuda humanitária e supervisionar a segurança regional.
