Os Estados Unidos mobilizaram navios de guerra e fuzileiros navais para participar de exercícios militares a partir deste domingo (26/10), em Trinidad e Tobago, país vizinho da Venezuela. O objetivo é aumentar a pressão sobre o chefe de Estado venezuelano Nicolás Maduro, que o presidente americano Donald Trump afirma estar ligado ao narcotráfico na região.
Segundo um comunicado do governo de Trinidad e Tobago, o USS Gravely estará em seu território de 26 a 30 de outubro. De acordo com o texto, a chegada dos militares americanos está associada à “segurança regional”, aos “esforços de cooperação no Caribe” e à “cooperação militar” entre Washington e Port of Spain.
Dois cidadãos de Trinidad e Tobago teriam perdido a vida em outubro em um ataque americano, mas as autoridades locais ainda não confirmaram as mortes. A primeira-ministra do país, Kamla Persad-Bissessar, apoia Trump e adotou, desde sua posse em maio de 2025, uma postura semelhante contra a imigração e a criminalidade venezuelana em seu país.
Os exercícios militares deste domingo também envolvem a participação da 22ª Unidade Expedicionária dos Fuzileiros Navais dos EUA, que vai realizar um treinamento conjunto com as forças do país no mesmo período.
Nesta quinta-feira (23/10), um bombardeiro americano B-1B sobrevoou o mar do Caribe, próximo à Venezuela, conforme dados de rastreamento de voos. Esta é a segunda demonstração de força de Washington nos últimos dias, que também mobilizou sete navios de guerra no Caribe e um no Golfo do México. Os Estados Unidos afirmam ter realizado nove ataques nas últimas semanas, resultando em pelo menos 37 mortes.
Segundo o governo de Donald Trump, a operação tem como foco o combate ao narcotráfico e o presidente venezuelano Nicolás Maduro, por suposta ligação com cartéis. Em evento na Casa Branca, Trump declarou que os EUA continuam “insatisfeitos com a Venezuela por diversos motivos”.
Trump também afirmou que a Venezuela “esvaziou suas prisões em nosso país” e acrescentou que “não necessariamente solicitará a aprovação de uma declaração de guerra” ao Congresso, que possui o poder constitucional de autorizar uma intervenção.
O presidente Nicolás Maduro, que tem buscado diminuir as tensões com Trump nas últimas semanas, respondeu às provocações em inglês: “Yes, peace, yes, peace forever! No crazy war”, disse de forma brincalhona.
Em tom mais sério, Nicolás Maduro, que iniciou uma série de exercícios militares desde agosto, afirmou que, durante os treinamentos, foram testados equipamentos adquiridos da Rússia e da China.
“Agradeço ao presidente Vladimir Putin, obrigado à Rússia, à China e a muitos amigos pelo mundo. A Venezuela possui equipamentos para garantir a paz”, declarou Maduro.
Guerra contra o tráfico é pretexto, segundo Maduro
De acordo com o presidente venezuelano, Washington usa a luta contra o narcotráfico como desculpa “para impor uma mudança de governo” e controlar as reservas de petróleo do país. Por sua vez, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, afirmou que qualquer ação da CIA contra a Venezuela está destinada a falhar.
“Temos conhecimento da presença da CIA no território venezuelano”, declarou o general Vladimir Padrino. Os americanos “podem enviar agentes da CIA para operações secretas em qualquer região do país, mas todas as tentativas serão frustradas.”
