O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) anunciou que vai terminar o financiamento de 22 projetos que usam vacinas baseadas na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA). Esses projetos incluem pesquisas para combater cânceres, vírus e bactérias. A decisão afeta todos os imunizantes financiados pela Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado (Barda).
De acordo com o secretário de saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., a decisão foi tomada com base em evidências científicas, pois ele alega que “as vacinas não protegem efetivamente contra infecções respiratórias superiores”. Essa visão contrasta com a maioria dos cientistas. É importante lembrar que essa tecnologia foi laureada com o Nobel de Medicina em 2023.
O comunicado oficial, divulgado em 5 de agosto, informa que não serão iniciados novos contratos com tecnologias de mRNA. A Barda apoiava essas iniciativas com um orçamento de US$ 500 milhões, cerca de R$ 2,7 bilhões, que agora serão redirecionados para apoiar tecnologias alternativas, conforme explicou Kennedy.
Entre os projetos impactados estão:
- Cancelamento de contratos com a Universidade Emory e a Tiba Biotech para a primeira vacina contra a doença mão-pé-boca.
- Fim dos contratos com Luminary Labs, ModeX e Seqirus, que desenvolviam vacinas para Covid-19 e vírus Epstein-Barr.
- Recusa ou cancelamento de propostas da Pfizer, Sanofi Pasteur, CSL Seqirus e Gritstone, que envolviam vacinas para evitar metástases de cânceres, como tumores intestinais.
- Reestruturação das parcerias com AAHI, AstraZeneca, HDT Bio e Moderna/UTMB, sendo que a Moderna trabalhava em uma vacina contra a gripe aviária.
O HHS declarou que está priorizando plataformas com um histórico mais consolidado de segurança e baseadas em evidências, focando agora em vacinas com vírus inteiros e em tecnologias ainda não reveladas. Kennedy afirmou: “Estamos superando as limitações do mRNA e investindo em soluções melhores”.
Segundo a agência, a decisão também se baseia na falta de dados de longo prazo sobre segurança. Foi citado um relatório do Senado americano que destacou falhas do governo anterior quanto a casos de miocardite ligados às vacinas contra Covid-19. Contudo, evidências populacionais indicam que o risco de miocardite causado pela Covid-19 é maior do que aquele associado às vacinas.
Importância das vacinas de mRNA na pandemia
As vacinas de mRNA ensinam o organismo a produzir proteínas que imitam agentes invasores, preparando o sistema imunológico para combatê-los se houver uma infecção real. Essa tecnologia é considerada ainda mais segura para grávidas e pessoas com sistema imunológico comprometido, pois não contém partes dos vírus ou bactérias.
Durante a pandemia de Covid-19, essas vacinas foram desenvolvidas rapidamente, destacando-se pela velocidade de fabricação e pela facilidade de adaptação a novos vírus. Além disso, são vistas como promissoras em pesquisas contra o câncer e outras doenças infecciosas.
Embora o HHS afirme apoiar vacinas seguras e eficazes, Robert F. Kennedy Jr. mantém uma postura crítica desde antes de assumir o cargo. Em junho, ele substituiu os membros do painel consultivo de imunização do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) por integrantes que costumam ser contrários à vacinação em massa.