O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, declarou que a “coerção econômica” da China pode prejudicar sua própria economia e desacelerar o sistema financeiro global. Na última quarta-feira (15/10), durante uma coletiva de imprensa, Bessent associou a recusa da China em comprar soja dos EUA a um boicote: “É a China contra o mundo”. No entanto, ele se mostrou esperançoso de que um desfecho positivo possa ser alcançado nas negociações com o país asiático.
“Queremos ajudar a China, não prejudicá-la. Se alguns membros do governo chinês tentarem desacelerar a economia global por meio de medidas decepcionantes e coerção econômica, será a economia chinesa que sofrerá mais. Não se enganem: essa é a China contra o mundo”, afirmou o secretário.
A acusação de pressão econômica surge após o governo americano informar que Pequim rejeitou a importação de soja dos EUA. Recentemente, produtores americanos enfrentaram dificuldades devido aos baixos preços das safras e, com a perda do maior comprador – a China –, eles são obrigados a vender a soja a preços reduzidos, o que afeta diretamente seus rendimentos.
Bessent destacou que a China possui uma economia controlada e, ao recusar o comércio com os EUA e buscar outros parceiros bilaterais, continua fortalecendo o apoio à guerra iniciada pela Rússia. Apesar das divergências, ele demonstrou otimismo quanto a um futuro acordo.
“Acredito que a China está aberta ao diálogo e estou confiante de que as tensões comerciais poderão ser minimizadas. Temos fé na relação sólida entre o presidente Trump e o presidente Xi. Tivemos conversas significativas com a China nos últimos dias e esperamos mais progresso nesta semana”, comentou o secretário.
Crise na soja e ameaça ao comércio de óleo
A decisão da China de parar de importar soja dos EUA pode ter motivações políticas. Ao suspender a compra, afetando diretamente o mercado americano, a China sinaliza exigir a remoção das tarifas sobre outros produtos chineses, principalmente após ameaças de uma sobretaxa de 100% sobre produtos chineses.
Como resposta, o presidente Trump sugeriu encerrar negócios relacionados a óleo de cozinha e outros itens comerciais com a China, buscando fortalecer o mercado interno dos EUA. A ameaça envolvendo o óleo ocorre perante o recorde das exportações chinesas de óleo de cozinha em 2024.
Bessent ressaltou que tentar substituir os EUA por outros parceiros comerciais é a pior estratégia, pois prejudica a paz que a China afirma valorizar. “O comércio de óleo russo pela China alimenta a máquina de guerra da Rússia. A China compra 60% da energia russa”, concluiu o secretário.