O governo de Donald Trump anunciou nesta quinta-feira (9/10) a aquisição direta de pesos argentinos e a implementação de uma estrutura de swap cambial – uma transação financeira destinada a trocar moedas entre dois países para promover liquidez e estabilizar o câmbio – junto ao Banco Central da Argentina.
A iniciativa emergencial envolve um montante de 20 bilhões de dólares e visa mitigar a crise de liquidez enfrentada pela Argentina, facilitando o acesso a moeda estrangeira e oferecendo apoio ao governo do presidente Javier Milei.
O anúncio foi divulgado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos após quatro dias de negociações em Washington D.C., envolvendo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o ministro da Economia argentino, Luis Caputo.
De acordo com comunicado oficial, as reuniões destacaram os “sólidos fundamentos econômicos da Argentina” e as “reformas estruturais já implementadas” que, segundo o Tesouro americano, tendem a aumentar as exportações e fortalecer as reservas em moeda estrangeira.
“A Argentina passa por um período de intensa falta de liquidez. A comunidade internacional – incluindo o FMI – demonstra apoio à Argentina e sua estratégia fiscal cautelosa, mas apenas os Estados Unidos podem agir com rapidez. E assim o faremos”, declarou o secretário do Tesouro dos EUA.
Além da compra de pesos, o governo norte-americano afirmou estar “pronto para adotar quaisquer medidas extraordinárias necessárias para estabilizar os mercados”, reforçando o suporte político e econômico à administração de Milei.
O comunicado ressaltou ainda o compromisso da política econômica do governo “America First”, liderada pelo presidente Donald Trump, de fortalecer parceiros que promovam comércio justo e investimento americano.
Scott Bessent disse ter ouvido empresários dos Estados Unidos “entusiasmados para aprofundar a integração das economias americana e argentina, graças à liderança do presidente Milei”.
Um encontro entre Trump e Milei está previsto para o dia 14 de outubro, durante as reuniões anuais do FMI, quando ocorrerá nova reunião entre Scott Bessent e Luis Caputo para discutir futuras etapas da cooperação econômica bilateral.
Crise e impacto político
O apoio dos Estados Unidos chega em um momento de grave crise econômica e social na Argentina. Desde o início do governo Milei em 2023, o país vem sofrendo com inflação acima de 250% ao ano, forte desvalorização do peso e redução do poder aquisitivo da população.
As políticas de ajuste fiscal adotadas pelo presidente argentino, como cortes em subsídios e gastos públicos, conseguiram reduzir o déficit, mas causaram recessão, aumento do desemprego e tensões sociais.
Diante da insatisfação interna e da pressão sobre as reservas internacionais, a ajuda americana traz um alívio imediato para o mercado argentino e representa uma conquista simbólica para Milei, que construiu sua imagem política através do alinhamento ideológico com Donald Trump e o liberalismo econômico.
Este gesto de Washington pode fortalecer a posição de Milei internamente ao oferecer sinais de estabilidade e confiança internacional antes das eleições legislativas argentinas deste ano, nas quais o governo busca expandir sua base no Congresso.