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quinta-feira, 07/08/2025

EUA aumentam tarifa para produtos brasileiros em 50%

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As tarifas de 50% impostas aos produtos importados do Brasil para os Estados Unidos, incluindo itens como café e carne, começaram a valer na quarta-feira (6). Essa medida, tomada pelo presidente americano Donald Trump, gerou um aumento na tensão entre os Estados Unidos e a maior economia da América Latina.

Os EUA exportam mais para o Brasil do que importam, mas Trump desafia o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva devido a uma investigação que ele considera injusta contra seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar um golpe em 2022.

A Casa Branca também considera o governo brasileiro uma “ameaça incomum e inesperada”.

Em razão dessas alegações, as tarifas alfandegárias para muitos produtos brasileiros subiram de 10% para 50% a partir desta quarta-feira. O governo dos EUA permitiu um prazo extra para produtos que foram embarcados antes de 7 de agosto e chegarem antes de 5 de outubro.

Trump excluiu dessas novas tarifas itens essenciais para o Brasil, como suco de laranja, energia, aviões civis e seus componentes, fertilizantes, metais preciosos e pasta de celulose, mas incluiu o café e a carne.

De acordo com o governo brasileiro, 36% das exportações para os EUA serão afetadas por essas tarifas, o que preocupa Lula.

“Estamos sendo testados”

Lula declarou na terça-feira no Palácio do Itamaraty: “A democracia brasileira está sendo questionada, nossa soberania está sendo atacada e a economia está sendo prejudicada. Esse é um desafio que não pedimos nem queremos. Nenhum outro país sofreu uma intervenção externa assim junto com aumento tarifário.”

O presidente, que pode concorrer à reeleição em 2026, criticou, sem citar nomes, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, que tem laços próximos a grupos pró-Trump e lidera, nos EUA, uma campanha em defesa de seu pai.

“Essa interferência externa contou com a ajuda de verdadeiros traidores do país”, disse Lula, que descartou telefonar para Trump pois, segundo ele, o presidente americano não deseja dialogar.

O desgosto de Trump, expressado em cartas enviadas em julho tanto contra o governo brasileiro quanto em apoio a Bolsonaro, aumentou a tensão entre as duas nações.

O clima amistoso visto na visita de Lula à Casa Branca em 2023, quando ele e o então presidente democrata Joe Biden se apresentaram como defensores da democracia, já ficou para trás.

Trump também atacou o Judiciário brasileiro, impondo sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que conduz o julgamento contra Bolsonaro, acusando-o de permitir detenções arbitrárias e restringir a liberdade de expressão.

Essa pressão crescente não impediu Moraes de determinar a prisão domiciliar de Bolsonaro por violar proibição de uso de redes sociais.

Tarifas em expansão

O Brasil foi o primeiro entre muitos parceiros comerciais dos EUA a sofrer esse aumento nas tarifas.

Em abril, Trump já havia aumentado em 10% as tarifas, que ainda valem para produtos de muitos aliados, inclusive a maioria dos países da América Latina.

A partir de quinta-feira, vários produtos terão que pagar sobretaxas de até 41%. Muitos países, como Costa Rica, Bolívia, Equador e Venezuela, terão acréscimos de 15%. A Nicarágua enfrentará uma tarifa de 18%.

O México tem 90 dias para negociar esses aumentos, mas já lida com tarifas adicionais de 25% sobre produtos não protegidos pelo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC), que inclui EUA, Canadá e México.

Além disso, Trump aplicou sobretaxas específicas, como 50% sobre aço, alumínio e cobre, e 25% sobre automóveis e peças que não estão cobertas pelo T-MEC.

© Agence France-Presse

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