O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, tem adotado uma postura confusa e centralizadora, o que dificulta as negociações para reduzir as tarifas aplicadas sobre produtos brasileiros.
Os EUA impuseram uma taxa de importação de 50% sobre os produtos do Brasil desde o dia 6 deste mês. Desde então, o governo brasileiro tem tentado, sem sucesso, encontrar um acordo. Um encontro entre Haddad e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, chegou a ser marcado, mas foi cancelado.
Haddad declarou em entrevista ao programa Canal Livre da BandNews que o governo americano tem tomado decisões concentradas em uma única pessoa, algo sem precedentes, e que o Congresso americano praticamente não participa dessas decisões.
Ele também demonstrou esperança de uma mudança no governo dos EUA após a divulgação de mensagens entre o deputado Eduardo Bolsonaro e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Essas mensagens tratam de questões legais envolvendo o ex-presidente e podem influenciar a postura dos Estados Unidos.
Haddad acredita que, mesmo que o governo americano tente ignorar os conteúdos das conversas, as informações serão repassadas à Casa Branca e poderão ajudar a aliviar as tensões entre os países.
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde fevereiro para pressionar por sanções contra o Brasil, membros do governo e ministros do Supremo Tribunal Federal relacionados ao julgamento de seu pai.
Haddad considera que a tarifa aplicada pelos EUA é injusta, sem base econômica e acredita que há espaço para negociação, a menos que haja quem incentiva uma escalada nas sanções, o que ele acha improvável.
Operação contra o crime organizado
Fernando Haddad também comentou as recentes operações contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), enfatizando que o crime organizado movimentou enormes quantias de dinheiro nos últimos anos.
Na última quinta-feira, uma ação conjunta do Ministério Público, do Gaeco e das polícias federais, civis e militares de oito estados iniciou três operações contra lavagem de dinheiro pelo PCC, focando em postos de combustíveis, distribuidoras, fintechs reguladas pelo Banco Central e fundos de investimento.
Ele estimou que o PCC movimentou cerca de 52 bilhões de reais entre 2020 e 2024, e que, com investigações mais aprofundadas, esse valor pode chegar a centenas de bilhões.
Haddad criticou a retirada de normas que aumentavam a fiscalização das operações financeiras, como as que exigiam que fintechs compartilhassem dados ao Banco Central, devido a pressões e campanhas nas redes sociais, inclusive de políticos como o deputado Nikolas Ferreira, que agora ameaça processar o presidente da República.
Haddad disse que acredita que o deputado Nikolas Ferreira agiu mais para criar polêmica e ganhar visibilidade nas redes sociais do que para beneficiar o crime organizado, e lamentou como notícias falsas prejudicam as investigações e o combate ao crime.