Nova pesquisa aponta relação entre exaustão vital e fibrilação atrial, que causa batimentos cardíacos irregulares
São Paulo – A síndrome de burnout, um distúrbio psíquico normalmente associado com a vida profissional, é identificada quando o indivíduo está com sintomas de cansaço, falta de energia e estresse recorrentes, seja no trabalho ou em casa. Diferentemente de casos de depressão, a síndrome de burnout é caracterizada por exaustão vital e pode ser a causa de um quadro clínico de frequência cardíaca irregular, que pode vir a ser fatal. É isso que mostra uma pesquisa feita por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia e publicada no periódico científico European Journal of Preventive Cardiology.
Chamada de fribilação atrial, essa condição aumenta os riscos de ataque cardíaco e é a forma mais comum de arritmia cardíaca. Junto com sua equipe, Parveen K. Garg, cardiologista e professor da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, analisou indicadores de mais de 11 mil indivíduos, como os níveis de exaustão, raiva, uso de antidepressivos e baixo apoio social durante cerca de 25 anos, para compreender o desenvolvimento da fibrilação atrial.
Ainda que sejam necessários mais estudos para comprovar a relação apontada, Garg apontou que os dois fatores, quando crônicos, podem prejudicar o tecido cardíaco e ocasionar o desenvolvimento da condição: “A exaustão vital está associada ao aumento da inflamação e à ativação aumentada da resposta fisiológica ao estresse do corpo. Quando essas duas coisas são acionadas cronicamente, elas podem ter efeitos sérios e prejudiciais no tecido cardíaco, o que pode levar ao desenvolvimento dessa arritmia”, comenta, em nota, o médico.
No entanto, o único sintoma que apresentou uma relação com a fibrilação atrial foi exaustão – raiva, uso de antidepressivos e falta de suporte social não apresentaram conexões. “As descobertas de raiva e apoio social são consistentes com pesquisas anteriores, mas dois estudos anteriores encontraram uma associação significativa entre o uso de antidepressivos e um risco aumentado de fibrilação atrial. Claramente, ainda há muito trabalho a ser feito”, complementou o autor do estudo.