DANIELLE CASTRO
RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS)
Uma pesquisa dos Estados Unidos, que analisou informações genéticas de 850 mil adultos com diferentes origens continentais, descobriu 13 genes que têm relação com a obesidade, sendo que cinco deles foram identificados pela primeira vez.
Esses achados podem ajudar a melhorar o tratamento dessa condição em todo o mundo, permitindo avanços na medicina personalizada, inclusive no uso de remédios modernos como semaglutida e tirzepatida.
De acordo com dados recentes do Atlas Mundial da Obesidade, mais de 1 bilhão de pessoas têm obesidade atualmente, número que pode chegar a 1,5 bilhão nos próximos cinco anos.
“A obesidade é influenciada tanto pela genética quanto pelo ambiente, por isso, o efeito dos medicamentos depende da interação com os genes, o que impacta os resultados do tratamento”, explica Santhosh Girirajan, professor de Genômica e líder do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Penn State.
Conduzido por pesquisadores da Pennsylvania State University, o estudo durou cerca de dois anos e foi publicado na revista Nature Communications.
Os cinco genes descobertos que nunca tinham sido associados à obesidade são: YLPM1, RIF1, GIGYF1, SLC5A3 e GRM7.
Esses genes aumentam em aproximadamente três vezes o risco de obesidade severa, um efeito similar ao de outros genes já conhecidos como MC4R e BSN.
Deepro Banerjee, um dos autores e estudante de pós-graduação em bioinformática na Penn State, destaca que o gene YLPM1 é pouco estudado e está presente em tecidos do cérebro, sendo associado também a transtornos mentais.
Girirajan acrescenta que a ciência está buscando entender quais remédios funcionam melhor para cada mutação genética e os mecanismos dos novos genes ligados à obesidade.
Embora exercícios, alimentação e estilo de vida sejam fundamentais para evitar a obesidade, existem cerca de 20 genes com forte influência nesse problema.
Os pesquisadores também avaliaram como esses genes influenciam doenças relacionadas à obesidade, como diabetes tipo 2 e problemas cardíacos.
A amostra do estudo veio de dois grandes bancos genéticos: o UK Biobank, com dados de 450 mil pessoas do Reino Unido, e o All of Us Research Program dos EUA, com 385 mil participantes e diversidade maior devido à imigração.
Foram incluídas seis origens continentais: africana, americana, leste asiática, europeia, do Oriente Médio e sul da Ásia – populações que também influenciam grupos descendentes na Europa e EUA.
“Mesmo com grandes grupos, variantes raras podem ser difíceis de detectar sem analisar populações diversas. Estudos anteriores focaram em europeus”, afirma Banerjee.
Girirajan ressalta que ainda é necessário estudar genes em outras regiões do mundo, como América Latina e Ásia.
Ele também espera que no futuro haja estudos genéticos mais amplos, incluindo amostras diversas, para entender características e doenças complexas.
A pesquisa concentrou-se nas variantes genéticas raras que causam perda de função, pois são as que mais impactam o desenvolvimento da doença.
