Cientistas observaram fenômeno situado a 25 mil anos-luz da Terra e notaram a “dobra no espaço-tempo” descrita pelo físico
O estudo de um pulsar (nome dado às estrelas de nêutron) situado a 25 mil anos-luz da Terra comprovou mais uma vez a Teoria da Relatividade, desenvolvida pelo físico alemão Albert Einstein. A análise foi feita por cientistas do Instituto Max Planck de Radioastronomia em Bonn, na Alemanha, e publicado na revista Science.
Os pulsares são estrelas de nêutrons extremamente massivas: concentram 40% mais massa que o Sol em uma esfera de 20 quilômetros de diâmetro. Eles giram rapidamente em torno de si mesmos e têm campos magnéticos extremamente fortes que emitem feixes de ondas de rádio —, e podem ser detectados da Terra.
A Teoria da Relatividade Geral, formulada por Einstein pela primeira vez em 1915, descreve como a matéria e a energia distorcem o “tecido” do espaço-tempo, o que resulta na força da gravidade. Segundo os estudos do físico alemão, objetos astronômicos densos, como os pulsares, podem curvar o espaço-tempo consideravelmente.
Sendo assim, se dois pulsares orbitarem um ao outro, a relatividade geral prevê que eles criem uma leve oscilação à medida que giram, chamada de “rotação relativística”. De acordo com especialistas, se um pulsar gira em um ângulo desalinhado com a órbita e seu par, o objeto mudará seu eixo de rotação.
É exatamente isso o que acontece com o pulsar PSR J1906+0746, estudado pela equipe do instituto alemão. Em pulsares únicos, pode-se detectar as ondas enviadas pelos polos sul e norte sem dificuldade. Contudo, em sistemas binários, por conta da dobra do espaço-tempo, existem momentos em que apenas os sinais provenientes do sul ou do norte magnéticos podem ser encontrados.
Portanto, quando observaram que o pulsar em questão estava enviando ondas de apenas um deses polos, os cientistas decidiram avaliar dados coletados now últimos 14 anos. Não foi grande surpresa quando o grupo conseguiu prever as futuras polarizações do fenômeno, o que está em perfeita concordância com a teoria de Einstein.
“O experimento levou muito tempo para ser concluído”, disse Michael Kramer, um dos responsáveis pelo estudo, em comunicado. “Hoje em dia, infelizmente, os resultados precisam ser rápidos, enquanto esse pulsar nos ensina muito. Ser paciente e diligente realmente valeu a pena.”