A Secretaria de Educação do Distrito Federal lançou em janeiro uma política para ajudar migrantes que falam outras línguas a aprenderem português. Chamada de Bem-vindos ao Distrito Federal, essa iniciativa garante acesso à educação para migrantes, refugiados e retornados, independentemente dos documentos que tenham.
Seis escolas de línguas do DF – Guará, Asa Norte, Ceilândia, Samambaia, Taguatinga e São Sebastião – oferecem aulas para estudantes a partir do 6º ano do ensino fundamental. Crianças menores continuam recebendo apoio nas suas próprias escolas, que incentivam ambientes inclusivos com várias línguas.
Taiana Santana, diretora do CIL do Guará, diz que a transformação dessa ação em política pública foi um grande avanço. “Já tivemos formaturas em português, eventos com comidas típicas e nossos alunos puderam conhecer outras culturas. Hoje temos 160 alunos, com mais de 300 já formados.”
Também foram feitas formações para professores e criados materiais, como o Caderno Pedagógico Migrantes e o videocast Migrantes Internacionais: a língua como acolhimento. Um documentário mostra a experiência do CIL do Guará.
No primeiro semestre de 2025, professores participaram de um curso de formação para atuar nas turmas iniciais. A matrícula é garantida mesmo para quem está sem documentos, com orientações para as escolas. Além disso, o curso é reconhecido pela Polícia Federal, facilitando a legalização da permanência dos migrantes no país, segundo a vice-diretora Priscila Mesquita. “Isso muda a vida deles: integração, trabalho, socialização e felicidade. É uma troca muito rica.”
Ensino e cultura
O curso de Português como Língua de Acolhimento une ensino do idioma e da cultura brasileira. As aulas são híbridas, com encontros semanais online e presenciais para quem está começando ou fala línguas muito diferentes do português, como o árabe.
Danielle Paz, coordenadora do curso no Guará, ressalta que o aprendizado vai além da língua, promovendo trocas culturais e respeitando a individualidade e tradições dos estudantes. Muitas vêm de situações difíceis, como refúgio de guerra, e chegam com vontade de construir uma nova vida.
Para adaptar o ensino, começa-se com uma avaliação das necessidades dos alunos. Algumas mulheres muçulmanas, por exemplo, recebem ambiente separado dos homens e espaço para orações, valorizando suas culturas e identidade.
O professor Pedro Reis lembra os desafios iniciais, especialmente o letramento digital necessário para aulas online na pandemia. Ele destaca a diversidade dos alunos, vindos de países como Haiti, Congo, Vietnã e Holanda, e a troca cultural que acontece no curso.
Ele também destaca a importância da política pública do Centro de Línguas para o futuro do Brasil, que recebe cada vez mais migrantes. O acesso facilitado à língua fortalece a integração, o trabalho e a permanência dos migrantes no país.
Depoimentos
Humaira Ferdousi, de Bangladesh, está no Brasil há dois anos. Ela diz que antes tinha dificuldade até para usar o dinheiro, mas depois de participar do curso do CIL se sentiu acolhida e aprendeu a se comunicar melhor.
Carlos Athuro Gomez Gomez, colombiano de 71 anos, já morou em vários países, mas escolheu o Brasil e se encanta com a cultura e a gentileza do povo. Para ele, o curso vai além do idioma, oferecendo um espaço para aprender e trocar experiências.
Com informações da Agência Brasília.