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quarta-feira, 16/07/2025

Estados Unidos: tarifas de Trump aumentam inflação e afetam o bolso do americano

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Os primeiros sinais palpáveis da chamada “guerra comercial” iniciada pelo presidente Donald Trump já aparecem nos indicadores econômicos dos Estados Unidos. De acordo com o Departamento de Estatísticas do Trabalho, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 2,7% em junho, em comparação ao mesmo mês do ano passado — a maior alta desde fevereiro. Esse crescimento superou as expectativas e representou um aumento em relação aos 2,4% registrados em maio.

Os setores mais impactados são justamente aqueles expostos às tarifas impostas pelo governo americano contra seus principais parceiros comerciais.

Produtos como eletrodomésticos, roupas e móveis tiveram aumentos significativos: os eletrodomésticos, por exemplo, elevaram seus preços em 1,9% somente em junho, ante 0,8% no mês anterior. Móveis subiram 1%, e roupas aumentaram 0,4%, revertendo quedas consecutivas nos preços.

A inflação “núcleo” — que exclui alimentos e energia por sua volatilidade — também subiu 2,9% em relação ao ano anterior, com um aumento de 0,2% apenas no mês de junho. Esses números indicam que a guerra tarifária já está pressionando diretamente o custo de vida dos americanos, com possíveis impactos em outros setores e no ritmo da economia.

Impacto sobre produtos brasileiros

Um dos capítulos mais recentes desse conflito comercial envolve o Brasil. O governo Trump anunciou a possibilidade de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir do mês seguinte, incluindo itens essenciais para a pauta exportadora brasileira, como café, carne bovina e suco de laranja.

No caso do café, os efeitos podem ser ainda mais intensos. Além da tarifa, o produto já enfrenta uma alta global devido a condições climáticas desfavoráveis — como as secas recentes que reduziram a produção no Brasil e no Vietnã, dois dos maiores exportadores para os Estados Unidos.

Conforme dados do Bureau of Labor Statistics, o preço médio de 450 gramas de café moído nos supermercados americanos subiu de US$ 5,99 no ano passado para US$ 7,93 em maio deste ano.

Com a tarifa de 50%, o custo do café deve aumentar ainda mais para o consumidor americano, o que poderá impactar o consumo em cafeterias e restaurantes. Para o Brasil, essa medida pode resultar em queda nas exportações e prejuízos para o agronegócio, num momento em que o setor já enfrenta desafios climáticos e econômicos.

Economistas alertam que, caso Trump mantenha as novas tarifas previstas para começar em 1º de agosto — que também afetarão União Europeia, Canadá, México, Japão, Coreia do Sul e Tailândia — os preços poderão subir ainda mais, reduzindo o consumo e elevando o risco de recessão nos Estados Unidos.

Demissões em massa

Além dos efeitos da inflação, os americanos enfrentarão as consequências do corte no número de funcionários dos departamentos federais de saúde e educação. Nesta semana, o Departamento de Saúde dos EUA oficializou a demissão de milhares de trabalhadores, após a Suprema Corte suspender uma liminar que impedia esses cortes.

A agência havia anunciado anteriormente o desligamento de 10 mil servidores, com outros 10 mil saindo voluntariamente. Com a decisão judicial, as demissões foram efetivadas, representando cerca de 25% da força de trabalho do setor.

No Departamento de Educação, a Suprema Corte também autorizou a demissão de cerca de 1.400 funcionários, revogando uma decisão de um tribunal inferior que barrava os cortes.

Essas demissões fazem parte de uma estratégia mais ampla do governo para diminuir o tamanho da máquina pública, alinhada à agenda de descentralização do controle federal, especialmente na área da educação.

Embora o objetivo principal dessas demissões seja a redução dos gastos federais, elas podem comprometer a capacidade do governo em fornecer serviços essenciais em áreas críticas, justamente num momento em que o país enfrenta desafios econômicos e aumento do custo de vida.

Além disso, a redução no quadro de servidores pode diminuir a renda dessas famílias, reduzindo o consumo e contribuindo para a desaceleração econômica dos Estados Unidos.

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