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sexta-feira, 22/11/2024
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Esplanada permanece fechada após Senado aprovar afastamento de Dilma

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Em Brasília

Houve 55 votos a favor da admissibilidade do processo de impeachment. Interdição provocou congestionamento na altura da Rodoviária do Plano.

Interdição na Esplanada dos Ministérios na manhã desta quinta-feira (12), pouco depois do término da votação no Senado que aprovou o afastamento da presidente Dilma Rousseff por até 180 dias (Foto: TV Globo/Reprodução)
Interdição na Esplanada dos Ministérios na manhã desta quinta-feira (12), pouco depois do término da votação no Senado que aprovou o afastamento da presidente Dilma Rousseff por até 180 dias (Foto: TV Globo/Reprodução)

O trânsito na Esplanada dos Ministérios amanheceu fechado pelo segundo dia consecutivo, nesta quinta-feira (12), por causa da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado. A sessão acabou pouco antes das 7h, e o afastamento da petista foi aprovado com 55 votos a favor e 22 contra. Agentes do Detran informaram que ainda não há previsão para a liberação da via, que depende da ocorrência de manifestações e da possibilidade de pronunciamento de Dilma no Palácio do Planalto.

A opção para os motoristas é desviar na Rodoviária do Plano Piloto. A via S2, que dá acesso à parte de trás da Catedral Metropolitana e dos ministérios, teve lentidão. Muitas pessoas decidiram ir a pé para o trabalho.

A interdição começou na madrugada de quarta (11). Por volta das 18h, grupos favoráveis e contrários ao impedimento já ocupavam o gramado da Esplanada dos Ministérios. Um homem foi detido do lado pró-governo após atirar pedras contra policiais militares. Os manifestantes atiraram rojões, pedras, bolinhas de gude, copos cheios e garrafas contra o cordão montado nas proximidades do Congresso Nacional. A PM reagiu com spray de pimenta três vezes.

Já manifestantes pró-impeachment montaram um “muro da vergonha” com fotos de senadores supostamente indecisos ou contrários ao afastamento da presidente Dilma Rousseff. Foram marcados como indecisos Eunício Oliveira (PMDB-CE), Douglas Cintra (PTB-PE), Randolfo Rodrigues (Rede-AP), Fernando Collor (PTC-AL), Walter Pinheiro (BA) e João Alberto Souza (PMDB-MA).

'Muro da vergonha' feito por manifestantes na Esplanada dos Ministérios para criticar senadores que apoiam o governo da presidente Dilma Rousseff (Foto: Ingrid Borges/G1)
‘Muro da vergonha’ feito por manifestantes na Esplanada dos Ministérios para criticar senadores que apoiam o governo da presidente Dilma Rousseff (Foto: Ingrid Borges/G1)

O muro, feito de papelão, trazia ainda os nomes de dez senadores supostamente contrários ao impedimento da presidente: Renan Calheiros (PMDB-AL), João Capiberibe (PSB-AP), Roberto Requião (PMDB-PR), Telmário Mota (PDT-RR), Edison Lobão (PMDB-BA), Benedito de Lira (PP-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Lídice da Mata (PSB-BA), Vicentinho Alves (PR/TO) e Jader Barbalho (PMDB-PA).

A estrutura chamou a atenção dos grupos que passavam pelo local. Muitas pessoas pararam para tirar fotos com o muro. Perto dele também foi colocada uma bicicleta com espumante e pequenos bonecos infláveis da presidente Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestidos de presidiários.

Bonecos da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula colcoados por defensores do impeachment ao lado de bicicleta e de espumante na Esplanada dos Ministérios (Foto: Ingrid Borges/G1)
Bonecos da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula colcoados por defensores do impeachment ao lado de bicicleta e de espumante na Esplanada dos Ministérios (Foto: Ingrid Borges/G1)

De acordo com a Polícia Militar, havia 5 mil pessoas – 4 mil pró-governo – na Esplanada dos Ministérios no momento de maior público. Assim como no pleito na Câmara Federal, os grupos ficaram divididos por um muro de um quilômetro de extensão a partir da Rodoviária do Plano Piloto. A partir do terminal, policiais militares revistavam manifestantes à procura de pedaços de pau, fogos de artifício e bonecos infláveis.

Além disso, policiais direcionavam as pessoas: os contra a saída de Dilma se concentraram do lado do Teatro Nacional, com acesso liberado até as proximidades do Ministério da Justiça; os a favor do impedimento transitavam pelos arredores da Catedral Metropolitana e do Ministério da Saúde.

Marchas
A marcha dos grupos pró-governo começou às 17h. Indígenas e integrantes de movimentos sociais partiram do estacionamento do Estádio Mané Garrincha ocupando duas faixas do Eixo Monumental. A caminhada de cerca de quatro quilômetros se deu aos sons de “Não vai ter golpe” e com palavras de ordem contrárias ao vice-presidente Michel Temer, que assume o Executivo caso o afastamento de Dilma seja aprovado.

Manifestante dispara rojão contra barreira de policiais próximo ao Congresso Nacional durante votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado (Foto: TV Globo/Reprodução)
Manifestante dispara rojão contra barreira de policiais próximo ao Congresso Nacional durante votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado (Foto: TV Globo/Reprodução)

Manifestante dispara rojão contra barreira de policiais próximo ao Congresso Nacional durante votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado (Foto: TV Globo/Reprodução)

O diretor da Central Única dos Trabalhadores de Brasília (CUT) Julimar Roberto afirmou que 50 ônibus – com cerca de 2,5 mil pessoas – estão vindo de todo DF e Entorno para participar da manifestação nesta quarta.

“Ao que tudo indica, o Senado irá votar a favor do relatório. Apesar disso, estamos com um sentimento positivo quanto à mobilização que atingimos. Nós conseguimos transmitir a realidade dos fatos e as injustiças. Mesmo com o resultado do afastamento, teremos 180 dias para continuar todo trabalho de mobilização.”
Manifestante contrária ao impeachment na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (Foto: Andressa Anholete / AFP)
Manifestante contrária ao impeachment na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (Foto: Andressa Anholete/ AFP)

A caminhada dos manifestantes a favor do impeachment, que até então estavam concentrados no Parque da Cidade, começou mais tarde. Antes da descida, eles receberam a viúva do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi chefe do DOI-Codi do II Exército, em São Paulo, órgão de repressão política durante a ditadura militar – citado pelo deputado Jair Bolsonaro (PSC-SP) na votação na Câmara.

A viúva do coronel Brilhante Ustra, Joseita Brilhante Ustra, em acampamento em Brasília de defensores do impeachment (Foto: Ingrid Borges/G1)
A viúva do coronel Brilhante Ustra, Joseita Brilhante Ustra, em acampamento em Brasília de defensores do impeachment (Foto: Ingrid Borges/G1)
Joselita se negou a falar com a imprensa, mas tirou fotos e distribuiu autógrafos no local. Ela esteve acompanhada de um grupo de paraquedistas do Rio de Janeiro, que se vestiam de preto e empunhavam uma bandeira do Brasil.

Morador de Belém (PA), o administrador de empresas Mário Montana conta que chegou à capital na última sexta-feira. Ele demonstrou receio quanto à possibilidade de confrontos após a votação. “Viemos protestar da forma mais pacífica possível. Acreditamos que hoje será o início de uma mudança”, disse. “Estamos com medo. Já passamos até por uma situação que atiraram um coquetel Molotov em um grupo, nós não queremos enfrentamento.”

 

Manifestante favorável ao impeachment na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (Foto: José Cruz / Agência Brasil)
Manifestante favorável ao impeachment na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (Foto: José Cruz / Agência Brasil)

A corretora de imóveis carioca Marta Santos, de 60 anos, está em Brasília desde 17 de abril. Ela disse que o impeachment “é legítimo e democrático, d está sendo feito por pessoas que estão comprometidas.” Segundo ela, uma intervenção federal é necessária.

Os grupos não chegaram a entrar em confronto, mas houve troca de ofensas. Um homem a favor do impeachment fez sinais com os dedos para mulheres pró-Dilma na altura do Setor Hoteleiro. Elas responderam com gritos de “machistas” e “golpistas não passarão” e chegaram a correr atrás dele.

Já na rodoviária, um motorista deu sinal com os dedos para os manifestantes pró-governo. O grupo reagiu jogando uma garrafinha na direção do carro. Um dos militantes chegou a partir para cima do homem, mas foi contido por uma policial militar.

 Segurança
Cerca de 1,5 mil policiais militares fazem a segurança na Esplanada nesta quarta-feira. Segundo o governo do DF, 150 policiais civis vão atuar durante o processo. Haverá reforço na 5ª DP, na Asa Norte, delegacia que atende as ocorrência da Esplanada dos Ministérios. O GDF vai destacar 160 bombeiros, 44 agentes de trânsito e dez servidores operacionais.

O muro que divide os manifestantes pró e contra o impeachment no gramado da Esplanada foi erguido entre a Catedral e o Congresso. O mesmo esquema foi adotado durante a votação do processo na Câmara Federal.

Favoráveis ao afastamento da presidente ficam ao lado esquerdo do Congresso e se concentram perto do Teatro Nacional. Manifestantes pró-impeachment ficam ao lado direito, com concentração no Museu da República.

Máscaras, lenços, bandanas e outros adereços que escondam o rosto estão proibidos. O mesmo vale para objetos cortantes e fogos de artifício. Não será permitida a venda de bebidas alcoólicas no local.

Os participantes só poderão ficar até a Alameda dos Estados. O espaço entre a Praça dos Três Poderes, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto, o Itamaraty e o Ministério da Justiça será restrito para as forças de segurança.

Votação no Senado
Os parlamentares vão votar nesta quarta o parecer do relator da comissão especial do impeachment no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), que defende a abertura do processo de afastamento.

 

Mapa mostra divisão de grupos contra e favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff durante votação do processo (Foto: Secretaria de Segurança Pública do DF/Divulgação)
Mapa mostra divisão de grupos contra e favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff durante votação do processo (Foto: Secretaria de Segurança Pública do DF/Divulgação)

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira (10) que Anastasia (PSDB-MG) e o advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo, devem ser os últimos a falar – por 15 minutos cada um – na sessão desta quarta-feira (11) que pode afastar a presidente Dilma Rousseff por até 180 dias.

Os senadores vão decidir se o Senado abre ou não o processo de impeachment da presidente. Se a maioria simples (metade dos presentes mais um) aprovar a instauração do processo, Dilma será afastada, e o vice Michel Temer assumirá a Presidência da República. Se o parecer for rejeitado, o processo é arquivado.

Orientação de bancadas
O presidente do Senado disse que não é “bom” que os líderes partidários orientem as bancadas sobre a votação a favor ou contra a admissibilidade do processo pelo Senado. “Eu acho que não é necessário. Como é um julgamento, qualquer orientação partidária acaba ajudando a partidarizar um assunto, o que não é bom que aconteça”, disse Renan.

Notificação de Dilma
Renan não quis dar detalhes de como e quando a presidente Dilma Rousseff será notificada da decisão dos senadores. O presidente da Casa disse que ela deve ser informada oficialmente pelo primeiro secretário da Mesa do Senado, o senador Vicentinho Alves (PR-TO). A tendência é que a notificação aconteça na quinta-feira.

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